Paulo Ferreira, do PT, vira réu

Curitiba. O juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da operação Lava Jato em primeira instância, aceitou, na última sexta-feira, a denúncia contra o ex-tesoureiro do PT Paulo Adalberto Ferreira e outras 13 pessoas sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e cartel na Petrobras.

É a primeira vez que Paulo Ferreira, que antecedeu João Vaccari Neto na tesouraria do PT, se torna réu da Lava Jato.

Com ele, são três os ex-tesoureiros do partido já denunciados na operação. Vaccari é réu em seis processos sob acusação de ter recebido dinheiro da Petrobras; e Delúbio Soares, que antecedeu Ferreira e foi réu do mensalão, responde a outra ação penal, acusado de ter solicitado empréstimo fraudulento em nome do PT ao banco Schahin.

O ex-deputado federal é acusado de ter recebido cerca de R$ 1 milhão em propina na obra do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro – investigada na 31ª fase da operação. Segundo os procuradores, os valores foram direcionados a contas de seus familiares, empresas terceiras e até a uma escola de samba de Porto Alegre, base eleitoral do ex-tesoureiro. Ele nega as irregularidades. No total, R$ 20 milhões foram desviados do contrato, diz a denúncia. A construção foi iniciada em 2008 e custou cerca de R$ 1 bilhão.

Na decisão em que aceitou a denúncia, o juiz Sergio Moro entendeu que há “indícios suficientes de autoria e materialidade” contra os acusados.

Também viraram réus os empresários responsáveis pela obra, das construtoras OAS (Leo Pinheiro, ex-presidente, e Agenor Franklin Medeiros), Construcap (Roberto Capobianco e Erasto Messias da Silva Júnior), Construbase (Genésio Schiavinato Júnior), Schahin (Edison Freire Coutinho e José Antônio Marsílio Schwarz) e Carioca Engenharia (Ricardo Backheuser Pernambuco).

Eles são acusados de acertar o valor do contrato e, posteriormente, pagar propina a agentes da Petrobras e a membros do PT – o que daria sustentação política à diretoria de Serviços.

O ex-diretor da estatal Renato Duque também está entre os réus – além de quatro operadores do esquema (Adir Assad, Roberto Trombeta, Rodrigo Morales e o advogado Alexandre Romano), que fizeram a operação financeira, por meio de contratos de fachada e pagamentos no exterior. Os últimos três são delatores da operação Lava Jato, e deram origem à investigação dos fatos denunciados.

Outro lado. Preso preventivamente em São Paulo, o ex-tesoureiro Paulo Ferreira afirmou à Polícia Federal (PF), durante depoimento, que as empresas e pessoas beneficiadas pelos repasses “custearam despesas de sua campanha” a deputado federal, em 2010. Segundo ele, as transferências foram legais, feitas a fornecedores e integrantes de sua campanha à época.

Odebrecht

Acordo. A força-tarefa da Lava Jato não descarta uma delação de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo Odebrecht. Segundo a coluna “Painel”, da “Folha de S. Paulo”, ainda não há certeza de que a colaboração será aceita pelos procuradores.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*