Às vésperas da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, o vice-presidente Michel Temer já articula encontro com possíveis nomes que poderiam fazer parte de um eventual mandato presidencial comandado pelo PMDB. Ele já teria marcado um jantar com o economista Armínio Fraga, sócio da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central no governo FHC. Perguntado sobre o encontro após participar de evento em São Paulo, Fraga disse a jornalista que “esse assunto de agenda vocês têm de falar com ele (Temer)”.
“Eu gastei muito tempo pensando no que fazer (com a economia), durante minha vida inteira. Tenho sugestões a dar. Sugestões de quem estava próximo de assumir”, disse.
Armínio descartou, no entanto, a possibilidade de assumir um cargo. Ele explicou que passou o ano de 2014 assessorando o senador Aécio Neves em sua campanha presidencial e, na ocasião, vendeu sua empresa, a Gávea, ao JP Morgan. Ao final da campanha, ele recomprou o negócio.
“O momento da minha vida não permite (assumir um cargo). Não é para mim agora, mas eu gostaria de colaborar com o que for possível”, disse, detalhando que ainda não conversou com Temer, mas garantiu: “Se ele me der a honra de um convite, eu certamente irei, a agenda é dele”.
Fraga participou de evento sobre o mercado imobiliário. Durante seu pronunciamento, falou sobre a conjuntura econômica e condicionou a melhoria do cenário à saída da presidente Dilma Rousseff.
“O Brasil vive a maior recessão de sua história. Os escândalos de corrupção são os mais impressionantes da nossa história, não só envolvem atos ilícitos, mas acoplados a um projeto de poder”, afirmou logo no início de seu discurso.
Em suas palavras, o Brasil está na “UTI, mas não é um paciente terminal”.
Segundo ele, a economia pode “se animar” com o impeachment, mas frisou que, para isso ocorrer, é preciso haver a apresentação de uma “agenda de trabalho” pelo novo governo.
Braço direito sonda deputados
Brasília. O vazamento do áudio em que o vicepresidente fala como se o impeachment já estivesse aprovado não é um caso isolado de antecipação do resultado da votação de domingo. Moreira Franco, braço direito de Michel Temer, iniciou uma consulta a deputados para “medir a temperatura” na Câmara em um eventual governo Temer.
A questão foi apontada pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Outro ponto destacado pela publicação é o fato de o grupo de WhatsApp em que o vicepresidente postou o áudio com seu “pronunciamento” ter sido criado na véspera, às 10h08, por Eliseu Padilha, operador de Temer.
Dezoito minutos depois do envio do áudio, um assessor do vice pede que o “apaguem”. O governo desconfia de vazamento proposital para demonstrar força.
‘Estou preparado para assumir’
Brasília. O vice Michel Temer afirmou nesta terça que estará preparado para assumir o país “se o destino me levar para essa função”. A declaração foi dada à emissora “GloboNews”.
“Evidente que devo aguardar a decisão da Câmara e do Senado”, ressalvou o vice, que afirmou ainda que passou a rebater ataques do governo por ser chamado de “golpista”. “O que faço hoje não é guerrear, é me defender”. Ele também voltou a condenar a pregação por eleições gerais e disse que isso foge à Constituição. “Seria uma ruptura”.
Por fim, Michel Temer disse que está preparado caso o impeachment não seja aprovado. “Se nada acontecer, tudo continuará como dantes”, declarou o vice-presidente da República – antes de cair na risada.
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