Histórico. Pedro nasceu em dezembro de 2014, com 3,930 kg, considerado normal. Com apenas um mês, chegou aos 6,5 kg, algo que não havia causado estranhamento aos médicos dos postos de saúde da cidade. O susto chegou em março de 2015, quando ele atingiu os 9,550 kg, peso equivalente ao de uma criança de 1 ano. “Foi aí que os médicos falaram que tinha algo errado. Ele sempre mamou muito, em torno de 30 minutos por mamada, mas ele engordou isso tudo só com leite?”, indaga a mãe.
E assim o menino Pedro alcançou os 32,1 kg: sem a família entender como. De origem simples, Bárbara procurou atendimento especializado, conseguindo que seu filho fosse acompanhado no Hospital Infantil João Paulo II e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, na capital.
Segundo ela, mesmo após inúmeros exames, que sempre constatavam colesterol e triglicérides elevados, o real distúrbio do menino é incerto. A solução emergencial dos médicos foi cortar a amamentação e introduzir uma dieta totalmente restritiva a produtos industrializados e rica em frutas, verduras e legumes. Quando esse cardápio foi instituído, Pedro já pesava 25,850 kg.
Resultado. Nos seis meses que o pequeno faz a dieta, o quadro clínico melhorou, porém Pedro seguiu ganhando peso. Seu desenvolvimento motor foi afetado, já que não consegue nem ensaiar os primeiros passos.
O pequeno se mantém sentado para tudo, incluindo na hora do banho, em que a mãe precisa colocá-lo no chão do banheiro para conseguir higienizá-lo. A respiração é muito ofegante o tempo todo, já que a gordura pressiona os órgãos e dificulta a circulação de oxigênio. E o problema se intensifica durante o sono, em que o bebê chega a acordar pelo menos seis vezes por noite.
Sem resposta
Pedidos. A reportagem tentou contato com a equipe médica dos hospitais João Paulo II e o das Clínicas, mas nenhum especialista quis repercutir o caso do menino Pedro.
Novos exames serão realizados
Doença rara e que acomete um entre 10 mil e 25 mil habitantes no planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a síndrome de Prader-Willi é, no momento, a principal hipótese que pode justificar o ganho de peso do pequeno Pedro.
“Pedro tem características de uma criança com a Prader-Willi, principalmente pela obesidade e pelo atraso do desenvolvimento nos movimentos das pernas. Claro que outras hipóteses, como um problema na tireoide, não serão descartadas”, explica o chefe do ambulatório de endocrinologia do Hospital Universitário Ciências Médicas, Levimar Rocha de Araújo, que reavaliou o menino.
Como essa doença é genética, Pedro precisará fazer uma bateria de exames para tentar detectar o problema. “O primeiro passo é saber o diagnóstico e, em seguida, controlar o peso e estimular os movimentos das pernas”, planeja o médico.
Araújo afirmou que, para o pequeno perder peso e viver uma vida normal, a família terá que ser firme nesse processo. “A dieta tem que ser seguida à risca. A mãe não pode comer um bolo na frente dele, que ele vai querer. Ela terá que incentivá-lo a andar, não pode entregar tudo. Só assim ele vai queimar calorias”, afirma.
Alerta. Segundo o vice-presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Mineira da Pediatria, Antônio José das Chagas, o diagnóstico precoce é essencial para combater a obesidade infantil. “Uma criança obesa será provavelmente um adulto obeso. A chance é grande de um menino como esse desenvolver precocemente diabetes e hipertensão e diminuir a qualidade de vida”. (DC)
Saiba mais
Crescimento. O peso ideal de um bebê quando completa 12 meses é entre 8 kg e 10 kg, no máximo, segundo o médico Antônio Chagas. Depois, a criança ganha, em média, 2 kg por ano. Grandes alterações devem ser investigadas.
Tratamento. O caso do bebê será avaliado por médicos do Hospital Universitário Ciências Médicas, gratuitamente.
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