Depoimento de testemunhas de acusação defendem o ex-prefeito Irandir Oliveira no episódio em que ele é condenado pela prática de extorsão e de manter um empresário em cárcere privado sob o olhar de seguranças para ir ao Banco do Brasil com um sócio da suposta vítima para sacar dinheiro. Este é o entendimento do ex-prefeito que explica passo a passo da trama sórdida a qual ele se diz vítima, pelo simples fato de não ter concordado em pagar o restante de uma obra não executada como pretendia a empreiteira.
“O resumo é que a Justiça me condena a sete anos de prisão por um crime que não cometi”, desabafa Irandir, que é empresário do setor de transporte coletivo.
A obra
Irandir conta que a prefeitura empreitou a recuperação de 475 quilômetros de estradas vicinais cuja empresa vencedora da licitação, a cada etapa que realizava a obra, era feita a medição e, assim, o pagamento pelo serviço.
Proposta imoral
Quando a empresa atingiu pelo menos 60% da obra, surgiram rumores de que a empreiteira estava com muitas dívidas e não pagava aos salários dos funcionários. Confesso que fiquei preocupado não apenas com a situação dos pais de família, como também com uma causa trabalhista que a prefeitura poderia arcar, já que, na ausência da empreiteira, o pagamento desses servidores ficaria sob nossa responsabilidade. Há jurisprudência sobre isso. Nesse período, narra Irandir, recebeu pedido para que autorizasse o pagamento integral da obra, sendo que o restante, a empreiteira se comprometeria em fazer. Irandir conta que disse não à proposta, mas, autorizou que fiscais fizessem uma nova medição. Assim, foram quitados algo em torno de mais 25% da obra, restando por fazer pelo menos 15% para concluir o que não foram pagos.
Lisura
Ainda, segundo Irandir, compadecido com a situação das dezenas de pais de famílias que estavam sem salário, mandou avisá-los que estaria no Banco do Brasil para assinar a ordem de pagamento para a empreiteira. Foi assim que fiz, diz Irandir: assinei a ordem de pagamento e retornei à prefeitura, enquanto um sócio da empreitaria recebia o dinheiro do gerente”.
As câmeras de vigilância do Banco revelam isso, e até mesmo o depoimento do gerente me isenta de qualquer envolvimento. “Quando o gerente pagou R$ 25 mil ao sócio da empreiteira que precisava pagar funcionários, eu não estava mais no banco – já estava na prefeitura”, reafirmou.
‘Fiz a coisa certa’
Irandir conta que não concordou em pagar por um serviço não executado, como outros prefeitos já fizeram e as empreiteiras abandonaram o serviço sem devolver um centavo, e a municipalidade amargando prejuízos.
Ironias da vida
Irandir, dizendo-se decepcionado com a ironias do Direto, lamenta que está sendo condenado por vingança e maldade dos donos da empreiteira porque não pagou a eles queriam receber por um serviço que não prestaram.
Contradições
Indignado Irandir questiona: Me acusam de pedir propina. Ora, por que não me acusaram de ter recebido ou pedido propina nos demais pagamentos da mesma obra?
Se um dos sócios (cujo nome sequer quero pronunciar pois tenho nojo só de lembrar) diz nos autos que eu o mantive em cárcere privado, como isso poderia ter ocorrido se eu estava no banco com dezenas de funcionários do lado de fora esperando eu assinar ao pagamento para eles poderem receber? Por que não foi à polícia e registrou uma queixa-crime? Porque anos depois apresentou denúncia contra eu no Ministério Público?
Irandir comenta que, diante de todas essas evidências nas entrelinhas do processo, está sendo condenado por um crime que não cometeu, mas por ter zelado pelo interesse público.
Apenas coincidência
Ao concluir a entrevista, Irandir disse que exigiu que um juiz de Direito da comarca ouro-pretense que morava em Ji-Paraná, que se mudasse para Ouro Preto; que levou o caso ao conhecimento do Conselho Nacional de Justiça e, também, em forma de denúncia, ao Tribunal de Justiça de Rondônia, no sentido de forçá-lo a se mudar para Ouro Preto do Oeste. Mais tarde, segundo Irandir, esse magistrado se tornou juiz dessa acusação contra ele.
Ao concluir, Irandir Oliveira disse que a pena de sete anos foi sentenciada em regime fechado e, segundo argumentou o ex-prefeito, pena de sete anos se cumpre em semiaberto.
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