Especialista capacita pais e técnicos do Centro de Autismo de Ji-Paraná

Uma parceria entre a Prefeitura de Ji-Paraná e a Associação de Pais e Professores do Centro de Autismo trouxe do Rio de Janeiro uma fonoaudióloga e terapeuta em modelo DIR/Floortime para capacitar os professores, educadores físicos, cuidadores e estagiários do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo – CMAEE Autismo. Durante toda a semana, tanto os pais quanto o corpo discente do Centro de Autismo recebem orientações importantes da fonoaudióloga Paula Lins sobre a base regulatória necessária para o desenvolvimento da criança autista, “tanto emocional e biológica quanto sensorial e motora”.

De acordo com a diretora do Centro de Autismo, Márcia Pereira de Souza, a vinda da terapeuta, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, mestranda em Comunicação Humana pela Universidade de São Paulo – USP e terapeuta DIR/Floortime Fellow Profectum certificada nos Estados Unidos da América, está sendo um marco na capacitação dos profissionais, uma vez que Paula Lins é mais que qualificada dentro do modelo terapêutico adotado pelo Centro de Autismo de Ji-Paraná, tendo ministrado cursos e palestras em diversas partes do País. “Ela está acima das nossas expectativas”, disse a diretora.

A capacitação ministrada por Paula Lins tem carga horária de 100 horas, tendo iniciado na última segunda-feira, dia 6, com encerramento programado para esta sexta-feira, dia 10. As atividades, segundo Paula, foram divididas em dois momentos, pela manhã com a participação dos pais e alunos, e na parte da tarde com a participação apenas dos 16 profissionais do Centro de Autismo.

“No trabalho que desenvolvemos, a família da criança está presente em todo momento. A criança precisa estar bem, precisa estar se sentindo segura para o seu melhor desenvolvimento. No modelo DIR/Floortime existe todo um embasamento científico relacionado à questão regulatória das crianças, visando sempre uma melhor integração sensorial delas até mesmo em casa, para que futuramente elas possam se desenvolver melhor e serem mais funcionais e se sentirem melhor na sociedade”, explicou Paula Lins.

Referência

Para a fonoaudióloga e terapeuta, o trabalho realizado aqui em Ji-Paraná pelo Centro de Autismo é referência para todo o Brasil. Segunda Paula, “praticamente todos os finais de semana tenho viajado, ministrando esse curso de capacitação basicamente em centros particulares. Raramente sou chamada para ministrar essa capacitação em centros públicos, infelizmente. O que encontrei aqui ao chegar foi um lugar com uma estrutura muito boa, com profissionais muito bem instruídos, com famílias muito engajadas e um Centro muito bem equipado, muito acolhedor, muito organizado. Foram pequenos ajustes que precisamos fazer aqui, em algumas questões mais teóricas mesmo”, disse, ao reforçar que “a criança tem que ser vista como um todo e não como parte. A criança autista tem que ser vista em toda sua complexidade, inclusive o núcleo familiar como sendo parte dessa criança. Sendo assim, é possível apresentar um trabalho de qualidade, que é o que está sendo apresentado aqui em Ji-Paraná”.

Só inclusão não basta

Paula Lins salientou que a chamada inclusão sem a devida regulação e preocupação com a parte da saúde da criança autista, a integração saúde/educação que não acontece, torna necessária a presença, sim, de centros especializados como o Centro de Autismo de Ji-Paraná, pois, “não é só inseri-los na escola que é o caminho. Eles precisam de uma abordagem direcionada para eles. E não é tão difícil assim”.

A terapeuta explicou que a orientação voltada para a família, como o que é feito em Ji-Paraná, é o ideal. “Quando se pensa em pais mediadores dos próprios filhos, pensa-se em recursos humanos, ou seja, cada pai sendo mediador do seu próprio filho são menos profissionais contratados para realizar o trabalho. Quando se tem esse tipo de formação estamos pensando a longo prazo, porque é um pai que sabe o que fazer, foi treinado na prática e ele leva essa conduta para dentro de casa”.

“Os pais não podem e não devem se sentir excluídos em relação ao ensino especializado. Não tem como estarmos em um ambiente sem a devida acomodação. Estar em um ambiente sem estar acomodado não significa que estou sendo incluído naquele ambiente só por estar ali. Leis que apenas fazem com que as crianças autistas estejam dentro do mesmo ambiente que outras crianças, como na escola regular, não significa que eles vão estar absorvendo alguma coisa. Os pais que pensam no que o filho precisa, este é o caminho. Hoje colocar o filho em um centro especializado como o Centro de Autismo de Ji-Paraná significa ganhar tempo e não perder tempo ao não colocá-lo na escola regular. É investir hoje para ter uma melhor qualidade educacional, qualidade de vida no futuro”, concluiu Paula Lins.

Em visita ao Centro de Autismo, a secretária de Educação de Ji-Paraná, Leiva Custódio Pereira, disse ser gratificante ver o trabalho que é realizado aqui. “Olhamos para trás, para os anos que passaram e vemos uma contínua evolução. Hoje são 37 crianças que recebem o atendimento necessário para que se desenvolvam. Como bem lembrou a terapeuta, somos um dos pouquíssimos municípios do Brasil que oferece esse tipo de serviço à população e isso muito nos orgulha”.

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