Quem vê uma jovem de cabelos cor-de-rosa choque caminhando com a câmera e o microfone na mão no Encontro Internacional de Matemáticos, imagina que ela é uma profissional da área de comunicação que está entrevistando os mais renomados matemáticos do mundo durante esse evento que ocorre até dia 9 de agosto, no Rio de Janeiro.
Mas, de vez em quando, alguns dos participantes do encontro tomam a iniciativa de pedir para tirar uma foto com ela porque a reconhecem do YouTube: ela é a Matemaníaca, uma aluna recém-formada da USP que tem 24 anos e contabiliza nada menos do que 45 mil seguidores na mais famosa plataforma de compartilhamento de vídeos.
A ideia de criar o canal de divulgação científica sobre matemática surgiu quando Júlia Jaccoud estava no início do curso de Licenciatura em Matemática, no Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, em São Paulo. “A gente tem uma grande carga de estágios dentro do nosso curso. Quando chegou esse momento, no segundo ano, eu ficava seis meses com os alunos, com os professores, criava laços e ia embora. Então, eu queria uma ferramenta que me unisse aos alunos e professores que eu conhecia no estágio.”
O primeiro vídeo de Júlia foi postado no dia 14 de março de 2015. “Eu fazia inglês na época e, conversando com umas colegas, elas falaram: ‘Júlia, você já fez curso de fotografia, de teatro, dança, balé, por que você não faz um canal no YouTube?’ Eu não tinha ideia desse universo e não imaginava que ia atingir 45 mil seguidores.”
Ela conta que, no início do projeto, explicava que tinha criado um canal de aulas diferentes, para falar que matemática é legal. Naquele momento, Júlia não sabia que o que estava fazendo tinha nome: era divulgação científica. O primeiro ano da iniciativa foi marcado por muitos aprendizados, ela descobriu como captar as informações, roteirizar e foi lapidando o próprio conteúdo que estava construindo.
No ensino médio, toda vez que afirmava gostar de matemática, as pessoas logo diziam: então faz Engenharia! Júlia simplesmente aceitava essa sugestão sem questionamentos e tinha a vida pautada para fazer Engenharia. Tudo mudou quando conversou com uma engenheira que estava fazendo um projeto no prédio em que morava. Foi assim que ela descobriu que não queria ser engenheira.
“E aí, na minha cabeça, foi o primeiro momento que comecei a pensar sobre, de fato, o que eu queria fazer, onde eu me via depois de uma graduação. Como tinha feito 14 anos de balé, curso de fotografia, de teatro etc., o que fazia mais sentido e poderia unir a arte e a matemática era licenciatura, porque assim eu poderia ensinar matemática como eu via a partir da minha forma de me expressar, a partir da minha arte.”
Hoje, na descrição do canal Matemaníaca, está escrito que o objetivo de Júlia é apresentar a beleza da “inutilidade” da matemática, isto é, mostrar que a matemática vai muito além de sua aplicabilidade e que é, também, uma forma de arte.
Ao que tudo indica, essa aluna recém-formada pela USP conseguiu alcançar seu objetivo e está contribuindo para despertar o encanto pela matemática e esclarecer dúvidas de muitas meninas e meninos que estão no ensino médio.
Fonte: Assessoria de Comunicação do ICMC-USP
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