Na volta às aulas um antigo dilema se apresenta: o uso desmartphones, que tem sido, nos últimos anos, alvo de debates entre alunos, pais e educadores não apenas no Brasil. A conectividade, que reinventou a forma de adquirirmos informação e a capacidade de transformá-la em conhecimento, está em xeque à medida que se questiona o quanto o celular rouba a atenção do estudante. Em contrapartida, como prática educacional e no cenário escolar, o uso do aparelho – aliado à intencionalidade pedagógica – pode ser um importante instrumento de inovação educacional. Mais aceito e menos questionado do que os celulares, outros dispositivos como tabletse notebooks tem se sobressaído como alternativa para unir os recursos digitais à conteúdos didáticos conectados com as demandas educacionais do século XXI, sobretudo para educar cidadãos em um contexto no qual a tecnologia avança de maneira exponencial e é difícil prever as profissões que surgirão na próxima década.
No Brasil, embora a questão da proibição de smartphonesnão seja regulada por políticas educacionais, o tema preocupa a comunidade escolar que, como na França – que optou pela proibição de celulares –, está dividida entre os que têm medo e os que adotam uma atitude inovadora perante os desafios da tecnologia e das redes sociais. Na contramão de uma postura conservadora, cerca de 50 escolas brasileiras adotaram o Geekie One, plataforma que lança mão de dispositivos digitais (smartphones, Chromebook e iPads), que passam a contribuir com o aprendizado dentro e fora da sala de aula – explorando o que cada um tem de melhor. Enquanto os Chromebooks permitem ações efetivas que ajudam a administrar o fator distração em sala de aula, os smartphones, por sua vez – pela mobilidade e por já fazerem parte do dia a dia do estudante – contribuem para que o acesso ao conhecimento possa extrapolar as paredes da escola.
Segundo Claudio Sassaki, mestre em Educação pela Universidade de Stanford e cofundador da Geekie – referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo – a empresa se aliou a escolas que estão prontas para um próximo passo, que compartilham a busca pela formação de um cidadão ativo e engajado. “Queremos desenvolver habilidades para que os jovens tenham sucesso no aprendizado, no trabalho e na vida; jovens capazes de não somente enfrentar os desafios do futuro, mas transformá-lo com o exercício pleno da cidadania e os recursos tecnológicos disponíveis. E a internet é parte importante dessa equação”, afirma, acrescentando que essa visão vai além da “liberação” do uso de dispositivos digitais.
Pesquisador independente de Educação e empreendedor, Sassaki defende que a tecnologia deve estar próxima da linguagem do estudante, gerando identificação e motivação. Na prática, a tecnologia não é mais um diferencial para os jovens; diferente é o fato de a escola ser o único lugar onde a tecnologia fica de lado na vida deles. “A escola e a família precisam ensinar os jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. Uma pesquisa da TIC Kids Online demonstra que quando desafiados a julgar as próprias habilidades na internet, 76% dos jovens brasileiros acreditam saberem mais do que os pais; 71% afirmam conhecer muito sobre como usar a rede. No entanto, da teoria à prática, em um experimento da mesma organização, 30% dos jovens não souberam verificar se uma informação na internet estava correta.Esse dado é relevante, porque prova que o nativo digital precisa de orientação; da mediação de professores”, avalia Sassaki.
O empreendedor ressalta que a Geekie adota o modelo híbrido, no qual o uso de dispositivos – como computadores, celulares e tablets – preenche, no máximo, 20% da aula. “Não investimos em uma solução 100% digital. Acreditamos em um modelo híbrido com uso de lousa, caderno, conteúdo significativo e a mediação do professor; um modelo que representa inovação ao colocar o humano, professor e aluno, no centro do processo educacional”, comenta.
Na percepção do especialista – que é pai de quatro crianças – a proibição demanda, na prática, um grau de vigilância impossível para a família e destoa de uma demanda muito pertinente e expressa na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): auxiliar o estudante a desenvolver autonomia. “Devemos preparar os nossos filhos para a tomada de decisão; para ter autonomia e a proibição vai contra o exercício dessa autonomia. Do ponto de vista dos pais e educadores, vale fazer a distinção entre o uso recreativo da internet e a utilização pedagógica, na sala de aula. Essa diferenciação é essencial para entender a questão”, salienta.
A iniciativa também apoia a conscientização, autogestão e responsabilidade – pilares que a Geekie busca desenvolver ao longo da trajetória escolar. “Em vez do caráter proibitivo, trabalhamos com todas as turmas a Educação Digital, disciplina regular na grade horária com uma aula por semana. Nesses encontros, professores e turma debatem e experimentam os riscos, desafios e oportunidades do ambiente digital, abordando temas como autoimagem, privacidade, fake news, saúde e bem-estar, cyberbullyinge relacionamentos online”, detalha Sassaki.
Educação Digital: modos de uso
Alinhado a essa forma de pensar, uma novidade da Geekie é o Geekie One –que conversa a preocupação da exposição de crianças e adolescentes aos riscos apresentados pela conectividade. A plataforma tem, entre os conteúdos didáticos, a disciplina de Educação Digital,que tem por finalidade auxiliar jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. O conteúdo prepara os alunos para lidar com a complexidade da vida digital. Habilidades como a argumentação, a empatia, o pensamento crítico e a autorreflexão são parte importante desse conteúdo. Lançada em 2018, o Geekie Onerepresenta a mais completa iniciativa de personalização da aprendizagem; resulta da experiência de uma empresa que alcançou mais de 5 mil escolas públicas e privadas de todo país, impactando cerca de 12 milhões de estudantes.
De acordo com Sassaki, a disciplina Educação Digitalestá pautada no tripé oportunidades, riscos e desafios que o mundo digital proporciona. A condução ocorre dentro de um processo de aprendizagem significativa que leva para a sala de aula casos reais e próximos da vida de cada estudante. Com metodologias ativas, abre-se espaço para discussões sobre fatos reais – casos que agregam valor não apenas ao que é aprendido, mas que impulsionam o desenvolvimento da autonomia do aluno para criar um ambiente de aprendizagem colaborativa dentro da sala de aula. Como resultado, torna-se possível desenvolver competências bastante relevantes para a formação de estudantes, alinhadas inclusive à BNCC. “O aluno exercita, na sala de aula, a empatia, o diálogo, o desenvolvimento do pensamento crítico, a cooperação e a capacidade de resolução de problemas. Essa capacitação tem o potencial incrível de formar cidadãos com escuta ativa e sensibilidade para as questões coletivas”, ressalta Sassaki.
O caso francês
Como o presidente Emmanuel Macron havia prometido em campanha eleitoral, os 12 milhões de estudantes de escolas públicas francesas – do ensino básico e collèges, que atendem adolescentes de até 15 anos – voltaram às aulas, no início de setembro, com uma legislação que proíbe os aparelhos em salas de aula.
Aprovada pelo parlamento francês, a medida dividiu pais, alunos e educadores entre os que defendem o uso da tecnologia pelo potencial pedagógico e os que apoiam a decisão, alegando o enorme potencial de dispersão e cyberbullyingpropiciado pelos celulares. Na França, a cada 10 jovens com idade entre 13 e 19 anos, nove têm smartphone. Classificada pelo governo como “medida de desintoxicação”, a lei restringe não apenas os celulares como tablets– exceto os pedagógicos, devidamente aprovados pela instituição no regulamento interno.
De acordo com Jean-Michel Blanquer, ministro francês da Educação, a lei envia uma mensagem à sociedade francesa e ao exterior – outros países interessados, segundo ele – por apresentar uma “abordagem moderna das tecnologias”, caracterizada pelo “discernimento”. O político acredita que estar aberto a tecnologias do futuro não significa que temos que aceitar todos os seus usos. Com a medida, as autoridades francesas almejam criar um marco jurídicovoltado à proteção de crianças e adolescentes de conteúdos perigosos online, violência, pornografia e cyberbullying.
Sobre a Geekie
Referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo, a Geekie foi fundada em 2011 – pelos empreendedores Claudio Sassaki e Eduardo Bontempo – com a missão de transformar a educação do país. Nos últimos sete anos, a empresa tem desenvolvido soluções inovadoras que potencializam a aprendizagem. Com foco no Ensino Médio e Fundamental II, a empresa alia tecnologia de ponta a metodologias pedagógicas inovadoras. Única plataforma brasileira de ensino adaptativo credenciada pelo Ministério da Educação (MEC) para o Guia de Tecnologias Educacionais – que identifica soluções tecnológicas capazes de melhorar a qualidade do ensino brasileiro – em sua trajetória a Geekie alcançou mais de 5 mil escolas públicas e privadas de todo país, impactando cerca de 12 milhões de estudantes.
Entre as certificações mais relevantes, a empresa destaca: WISE 2016 (Qatar Foundation), TOP Educação (Revista Educação, categoria software educacional mais lembrado do mercado), Empreendedor Social Brasil (Folha de São Paulo e Fundação Schwab), Empreendedor Social Mundial (Fundação Schwab), Trip Transformadores e Empresas Mais Conscientes (Revista IstoÉ) – além de compor a rede global de empreendedores Endeavor. A Geekie conta com também com investidores de tradição na área educacional como família Gradin (por meio do fundo Virtuose), Fundação Lemann, Jorge Paulo Lemann (por meio do Fundo Gera), Arco Educação, além dos fundos norte-americano Omidyar Network e do japonês Mitsui & Co. www.geekie.com.br
por Betânia Lins [email protected]
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