Bolsonaro autoriza Weintraub a intervir na UnB e outras 16 federais

Universidade de Brasília está entre as universidades cujo mandato do reitor terminará durante estado de calamidade

A MP assinada pelo presidente Jair Bolsonaro exclui a necessidade de consulta a professores e estudantes ou a formação de uma lista para escolha dos reitores.

Congresso em Foco – A medida provisória (MP 979/2020) que autoriza o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a escolher reitores temporários de instituições federais de ensino durante a pandemia abre caminho para a intervenção em 17 universidades. Entre elas, a Universidade de Brasília (UnB) e as federais do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, do Pará, do Paraná e do Piauí (veja a lista completa mais abaixo).

Nessas instituições o mandato dos reitores se encerra até dezembro, período em que o país ainda estará sob estado de calamidade pública em decorrência da pandemia de covid-19 e as universidades estarão sujeitas às nomeações feitas por Weintraub. A intervenção também atinge institutos federais.

Presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) afirma que a MP é um “despropósito inconstitucional”. “É uma excrescência. Ainda mais injustificável porque parte de um governo que, de um lado, despreza a pandemia e por um MEC que só adiou o Enem por enorme pressão popular e política”, criticou. “Tem pandemia para fazer intervenção nas universidades, mas não tem para adiar o Enem?”, questionou a deputada.

Junto com a Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais, o grupo liderado por Margarida Salomão prepara ações judiciais para contestar a MP. “Politicamente não tenho dúvida de que ela seria derrotada, mas nosso desafio agora é sustar seus efeitos imediatamente”, disse a deputada ao Congresso em Foco. Uma medida provisória entra em vigor após sua publicação no Diário Oficial da União, o que, no caso da MP 979, ocorreu nesta quarta-feira (10). Para continuar valendo, no entanto, o texto terá de se aprovado pelo Congresso.

A MP assinada pelo presidente Jair Bolsonaro exclui a necessidade de consulta a professores e estudantes ou a formação de uma lista para escolha dos reitores. O texto não alcança as instituições cujo processo de escolha já tenha sido concluído antes da suspensão das aulas presenciais. Mas somente aquelas em que o mandato termina durante a pandemia.

“Não haverá processo de consulta à comunidade, escolar ou acadêmica, ou formação de lista tríplice para a escolha de dirigentes das instituições federais de ensino durante o período da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia da Covid-19”, diz o texto.

Veja a lista das universidades federais cujo mandato do reitor termina até dezembro e, portanto, estão sujeitas à intervenção do ministro da Educação”:

Universidade Reitor Fim do mandato
UFERSA José de Arimatea de Matos 05/09/2020
IFMA Francisco Roberto Brandão Ferreira 12/09/2020
UFRGS Rui Vicente Oppermann 27/09/2020
UNIFESSPA Maurílio de Abreu Monteiro 05/10/2020
UTFPR Luiz Alberto Pilatti 05/10/2020
UFPA Emmanuel Zagury Tourinho 05/10/2020
UFMT Myrian Thereza de Moura Serra 13/10/2020
UFMS Marcelo Augusto Santos Turine 03/11/2020
UFPI José Arimatéia Dantas Lopes 08/11/2020
UFSCar Wanda Aparecida Machado Hoffmann 08/11/2020
UFPB Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz 16/11/2020
UNIR Ari Miguel Teixeira Ott 23/11/2020
UnB Marcia Abrahão Moura 23/11/2020
UFS Ângelo Roberto Antoniolli 23/11/2020
UNIFEI Dagoberto Alves de Almeida 18/12/2020
UFPR Ricardo Marcelo Fonseca 18/12/2020
UFU Valder Steffen Júnior 26/12/2020

Fonte: Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais

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