Morre Augustinho Peniche – um pioneiro de Ouro Preto do Oeste

Morre Augustinho Peniche - um pioneiro de Ouro Preto do Oeste

Peniche chegou a Ouro Preto/RO, quando ainda era projeto de colonização do Incra a convite de Assis Canuto em 1971 e trabalhou como guarda rural.

Roberto Gutierrez – Morreu na madrugada de hoje, em Rio Branco, de causas naturais, aos 77 anos de idade, o pioneiro de Ouro Preto do Oeste Augustinho Peniche Bernardes. Ele era carioca, chegou solteiro a Rondônia em 1971 para trabalhar  no projeto de colonização do Incra de Ouro Preto, a convite de Assis Canuto.

Há cinco anos Peniche foi diagnosticado com o Alzheimer e, desde de então, precisou de cuidados especiais da família. Ele deixa a mulher Eunice Teles Bernardes, os filhos Areski e Marcos,  cinco netos Vitória, Camila, Murilo, Ana Luiza e Felipe, além dos bisnetos Vicente e Augusto Miguel.

No fim da década de 1960 Peniche trabalhou com Assis Canuto no projeto agrário Santa Cruz, zona rural de Nova Iguaçú e Itaguaí, no Rio de Janeiro. Como Assis Canuto havia sido convocado para chefiar o projeto de colonização do Incra em Ouro Preto em 1970, no ano seguinte Peniche aceita o convite de Canuto e, junto com Peniche, chegam  Amaurino Raimundo e Carlos Alberto Soares. Os três eram guardas rurais.  Com a extinção da guarda rural no Brasil, Peniche foi chefiar o setor de transportes do Incra enquanto os amigos Amaurino e Soares foram trabalhar no departamento de seleção das famílias que ganhariam um pedaço de terra do Incra.

Ainda na década de 70, Peniche  acabou se apaixonando por Eunice, a filha do seu Noga – o Laudenor Teles de almeida. Desse casamento nasceram Areski e Marcos.

Peniche trabalhou na Aninga, também, a convite de Assis Canuto e depois montou uma empresa para distribuição de medicamentos farmacêuticos.

Em 1979 estava tudo certo para Peniche se tornar administrador de Ouro Preto, quando a cidade era distrito de Ji-Paraná. Peniche sucederia Francisco Sales, cuja missão seria ser prefeito nomeado de Ariquemes. No entanto, conta Assis Canuto, “o padre Camaione pediu que Ailton Casales Teixeira, o farmacêutico,  fosse o indicado para esse cargo. A proposta foi levada ao governador Humberto da Silva Guedes, que concordou”.

Peniche ainda foi candidato a prefeito de Ouro Preto do Oeste. Depois dessa aventura política, já em 1989, ele se mudou para Rio Branco, capital do Acre, onde estruturou sua distribuidora de medicamentos.

Time de futebol

Na época em que o Território de Rondônia tinha como governador Marcos Henrique, Carlos Alberto Soares da Costa, o Soares, e Augustinho Peniche fundaram o Bangu – um time de futebol com as cores do Bangu do Rio de Janeiro em Ouro Preto. Isso aconteceu quando o campo do Incra recém havia sido construído. Aliás, o primeiro time de futebol foi o Ouro Preto criado por Assis Canuto e Frederico Alvares-Affonso. Para fazer frente a essa equipe, Peniche e Soares montaram o Bangu.

O dia em que Peniche ganhou na loteria esportiva

Com a realização da Copa de 1970, que o Brasil acabou conquistando o tricampeonato mundial de futebol de campo no México, a Caixa Econômica Federal lançou a Loteria Esportiva. O Volante de apostas era composto de 13 jogos e quem acertasse os 13 jogos, ou seja, fizesse 13 pontos, ganhava uma bolada. Era algo tão valioso como a Mega-Sena de Hoje. De repente, eu (Roberto Gutierrez) estava na varanda da minha casa, que era o restaurante da Dona Gladys, minha mãe – e chega Peniche. que na época era solteiro, feliz da vida porque havia acertado na Loteria Esportiva. Peniche era pura felicidade. Até pagou cerveja, depois pegou uns trocados emprestado e foi para a Vila de Rondônia pegar o avião da Taba. O aeroporto na época ficava onde hoje é a avenida Ji-Paraná, no Bairro Urupá. Ao chegar a Cuiabá, Peniche, teve a confirmação de que realmente havia acertado na Loteria Esportiva, mas eram 12 pontos. O problema é que o concurso teve muitos acertados e o dinheiro que ele ganhou mal deu para pagar a passagem de avião de volta. Peniche achou que estava milionário e teve que retornar para Ouro Preto de ônibus – pela Viação Mota. Pior, devendo um bom dinheiro que havia gastado por conta do prêmio.

Homenagem

Assis Canto disse que Peniche eram um grande amigo, leal, honesto, um pai de família exemplar, “alguém que muito me orgulha poder chamar de amigo”.  “Que Deus conforme o coração da família maravilhosa quem tem em Augustinho Peniche Bernardes, grandes ensinamentos de vida.”

Considerações do editor

Eu tive o privilégio de conviver com Augustinho Peniche, um grande amigo dos meus pais, um ser humano especial. Que este sentimento de perda, seja para a Eunice, seus filhos e netos, seja preenchido com as boas lembranças desse, que em vida, soube como poucos contemplar a felicidade. (Roberto Gutierrez)

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