Dono da primeira saltenharia de Porto Velho completa 96 anos

Osvaldo Cardoso, botafoguense, maçom, boliviano, produz saltenhas assadas desde o primeiro mandato de Marques Henrique  governador.

Roberto Gutierrez – Um dos personagens mais importantes da culinária tradicional da capital de Rondônia completa hoje 96 anos de idade. Trata-se de Osvaldo Cardoso Fernandes, um boliviano nascido em Cobija e que adotou Porto Velho para chamar de seu lar. Desse tempo de vida, mais de meio século ininterrupto dedicado à fabricação de saltenhas assadas que saiam também das mãos de dona Paulina, uma amável mulher boliviana que chegou a Porto Velho casada com ‘seo’ Osvaldo na década de 1960. As primeiras saltenhas assadas, uma novidade na época, fizeram o maior sucesso. Só se conhecia na Porto Velho daquela época as fritas. Esse iguaria começou  lá na padaria do ‘seo’ Noé, que ficava na  Gonçalves Dias que sequer era asfaltada. Depois o endereço das saltenhas foi para a esquina da Quintino Bocaiuva com Júlio Castilho. A partir de 1974 chegou ao endereço em que até hoje funciona: na Duque de Caxias, 2295, Bairro São Cristovam.

Há 57 anos produzindo saltenha, o botafoguense Osvaldo e dona Paulina, iniciaram essa tarefa no tempo em que o Território Federal de Rondônia só tinha Guajará-Mirim e Porto Velho como municípios. Época em que a Energia Elétrica era para poucos, a qual os motores da Ceron apagavam as luzes à meia-noite. O Comércio varejista de Porto Velho, que se concentrava praticamente todo na Sete de Setembro, fechava na hora do almoço. O governador da época era Coronel Marques Henrique e a população da capital do Território era em torno de 65 mil habitantes.

Em 2019 ‘seo’ Osvaldo sofreu com a perda da mulher, dona Paulina que tinha 88 anos. Desde de então, a melancolia tomou conta dele. O casal se conheceu em Guayaramerín de onde decidiram sair para morar no Brasil. Uma vida de muita dedicação para criar os filhos e tornar a vida das pessoas mais interessante. Osvaldo Cardoso é Maçom e fez parte da diretoria do Botafogo Futebol Clube de Porto Velho durante 30 anos, do qual é sócio fundador. Futebol sempre foi sua paixão. Quando jovem jogou futebol na Bolívia e era torcedor do 1° de Maio. Diz a lenda que o apelido dele entre os amigos era cuiába. Isso porque costumava ficar de cócoras no gramado, o que imitava um cuába: pássaro na Bolívia que vive em gramados.

O filho mais velho entre duas irmãs, de João Serafim Cardoso e Maria Raquel Fernandes, Osvaldo sempre foi um bom contador de histórias e, boa parte delas, com episódios de quando serviu o Exército na Bolívia. Os filhos Eduardo, Mary, Nelly, doutor Nilson Paniágua, Osvaldo e doutora Odaly Paniágua, conhecem todas essas histórias as quais eram contadas com as mímicas e trejeitos dos militares – sempre um bom motivo de risadas.

Sob os cuidados da família, em especial, do filho Osvaldinho, ‘seo’ Osvaldo está consciente, movimentos limitados, adora programas de rádios e assistir a programas de televisão.

A saltenharia continua funcionando no mesmo endereço sob o comando das filhas Mary, Nelly e da neta Paula. Aliás, sempre foi uma empresa de família, um exemplo de algo que deu certo muito antes da existência do Sebrae, cujo exemplo, esse editor recomendaria como pauta.

Osvaldo Cardoso Fernandes, 96, seis filhos, 12 netos e oito bisnetos, um personagem da capital de Rondônia, que nasceu no dia da independência do país dele, a Bolívia.

 

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