Cabo Daciolo não terá vida fácil em Rondônia

O comportamento político de Cabo Daciolo em Rondônia remete a uma frase do comediante acreano dos anos 1960, José Vasconcelos, que dizia: “Lagartixa na frente de formiga faz pose de jacaré.”

Roberto Gutierrez – Sem grandes chance de sobrevivência política no Rio de Janeiro, Daciolo procura em Rondônia uma forma de voltar ao Congresso Nacional por uma via aparentemente mais fácil. Com domicílio eleitoral na cidade de Ariquemes, Daciolo, segundo uma fonte muito próxima, pretende realizar uma espécie de “via-sacra” em igrejas evangélicas, incluindo as pentecostais para pregar a palavra de Deus, mas dizer a que veio.

O desafio, no entanto, será equilibrar um discurso conservador com a necessidade de justificar os ataques feitos nos últimos tempos contra o ex-aliado Jair Bolsonaro, assim como explicar, em um estado bolsonarista, o apoio que deu no segundo turno das eleições a Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma candidatura à Presidência da República pelo Republicanos seria, por enquanto, uma impossibilidade filosófica, haja vista que Tarcísio de Freitas é o nome natural do partido para esse cargo. Para deputado federal no Rio de Janeiro, também seria missão impossível ser eleito: em 2022, o Republicanos elegeu apenas três deputados federais — Marcelo Crivella, Rosângela Gomes e Jorge Braz. Uma candidatura a deputado estadual no Rio igualmente não teria vida fácil.

Enquanto isso, em Rondônia, Daciolo terá que enfrentar tanto os ataques de adversários naturais quanto a demonização que poderá ser feita devido à sua trajetória controversa, que vai de posições de extrema esquerda a um conservadorismo marcado pelo lema “Deus, Pátria e Família”.

De bombeiro a figura polêmica nacional

Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos, mais conhecido como Cabo Daciolo, iniciou sua trajetória pública como bombeiro militar no Rio de Janeiro, ganhando destaque pelo serviço prestado e pela presença firme em ocorrências de grande repercussão.

Em 2014, Daciolo deu o salto para a política ao ser eleito deputado federal pelo PSOL/RJ. Durante o mandato, tornou-se conhecido por discursos de forte teor religioso e nacionalista, o que acabou provocando sua expulsão do partido em 2015. Desde então, passou pelo PTdoB/Avante, pelo Patriota e atualmente é filiado ao Republicanos.

Em 2018, Daciolo tentou a Presidência da República pelo Patriota. Apesar de não ter obtido votação expressiva, a candidatura chamou atenção nacional por seu tom messiânico e discurso patriótico. Naquele período, também chegou a apoiar Jair Bolsonaro, mas posteriormente passou a criticar o ex-presidente, questionando atentado sofrido durante a campanha e apontando falhas no governo, especialmente em áreas como saúde e educação.

Na eleição presidencial de 2022, Daciolo tentou novamente disputar o Planalto, mas sem destaque, e acabou apoiando Lula no segundo turno, reforçando sua postura de independência da política tradicional.

Mais recentemente, Daciolo tem buscado aproximação com Rondônia, como estratégia para fortalecer sua base eleitoral, especialmente entre o eleitorado evangélico e conservador da região.

Hoje, filiado ao Republicanos, Daciolo mantém sua imagem de político religioso e conservador, conhecido por suas posições polêmicas e por desafiar as práticas da chamada “velha política”, ao mesmo tempo em que busca se reposicionar no cenário eleitoral brasileiro.

 

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