
Será que Jorge Messias é mesmo a “barbada” para o Supremo Tribunal Federal?
*Roberto Gutierrez – Enquanto Lula viaja sem anunciar o substituto de Luís Roberto Barroso, o tabuleiro político em Brasília ferve. A demora acende a disputa nos bastidores — e, desta vez, o foco está menos no currículo jurídico e mais na engenharia política que o Planalto precisa montar no Senado.
Coringa
Davi Alcolumbre, presidente do Senado, é peça central desse xadrez. Sem a boa vontade dele, não há sabatina nem votação. A autorização para a exploração de petróleo na foz do Amazonas, anunciada recentemente, foi vista como um gesto de Lula para agradar o senador do Amapá — e há quem diga que foi um presente político em troca de apoio para a futura indicação ao STF. A Folha de S. Paulo tratou do tema em reportagem publicada hoje 22/10.
Pacheco
Nos bastidores, comenta-se que Alcolumbre gostaria de ver Rodrigo Pacheco no Supremo, mas o presidente do Senado parece hesitar entre a toga e a política. Há quem aposte que o amapaense já tenha negociado outro espaço de poder em troca de recuar dessa ideia.
Preferência
Jaques Wagner, líder do governo no Senado e aliado de primeira hora de Lula, deu recentemente uma pista sobre a preferência do presidente: Messias continua sendo o favorito. Mesmo sob fogo cruzado e exposto como o nome do Planalto, o advogado-geral da União resiste — e tem resistido mais do que qualquer outro candidato.
Lentidão
A última indicação para o STF levou seis meses. Naquele episódio, Jair Bolsonaro precisou costurar apoios até entre evangélicos para aprovar o “terrivelmente evangélico” André Mendonça. Alcolumbre, que presidia a Comissão de Constituição e Justiça na época, segurou a sabatina por meses, sob pressão de grupos religiosos do Amapá que ameaçavam fazer campanha contra ele.
Agora, o jogo se repete: o Senado continua sendo o palco das negociações, e Alcolumbre, mais uma vez, o guardião da chave da sabatina.
Lula sabe disso — e, por enquanto, viaja sem bater o martelo.
*Roberto Gutierrez é jornalista. Na comunicação desde outubro de 1976, passou por todas as mídias e há quase três décadas é editorialista e analista político.
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