Se no campo jurídico oferece apenas sopros de esperança, o político parece fechado para Jair Bolsonaro.
*Roberto Gutierrez – Nesta fase final do processo judicial, Jair Bolsonaro volta ao centro da atenção — e não por força própria. Seus advogados apresentam agora os embargos de declaração contra a sentença que o condenou a 27 anos de prisão, um recurso que marca o penúltimo capítulo de um ciclo que parecia infinito.
Última cartada
A defesa questionará o que considera “contradições” no julgamento: a condenação pelos atos de 8 de janeiro, mesmo sem provas diretas de sua participação, e a inclusão do chamado “plano da morte” contra Lula e Alexandre de Moraes, sem qualquer ordem explícita do ex-presidente.
Não se trata de uma esperança real de reversão: o movimento é técnico e estratégico, tentando diminuir a pena e prolongar a narrativa, mantendo Bolsonaro ativo nos tribunais e na mídia.
Declínio político
Enquanto isso, no Congresso, o ex-presidente Jair Bolsonaro vê seu capital político minguar. Aliados que antes eram pilares de seu projeto, como figuras próximas a Eduardo Bolsonaro, já se aproximam de Lula ou mantêm distância do bolsonarismo. O bloco que carregava seu discurso de poder perde coesão e força, mostrando que a máquina política não acompanha mais o líder.
Desmoronamento
Os setores da política e da defesa que poderiam oferecer algum alívio já não têm influência: a sensação é de um isolamento estratégico completo. Sem articulações no Congresso, sem apoios externos e com aliados em retirada, Bolsonaro atravessa o que se poderia chamar de o pior momento político de sua vida.
Peso emocional da derrota
Quem visita Bolsonaro relata abalo psicológico intenso. Fisicamente recuperado das crises anteriores — que chegaram a causar náuseas durante visitas —, Bolsonaro enfrenta a percepção da própria irrelevância. A expectativa de uma candidatura em 2026, que antes mobilizava seguidores e aliados, hoje se mostra remota e quase simbólica, um “sonho de uma noite de verão”.
Pesadelo
A narrativa do ex-presidente, centrada na fidelidade de sua base e no combate ao sistema, sofre com a realidade concreta: nem tribunais, nem Congresso, nem aliados oferecem saída real.
Fim de um ciclo
Os embargos de declaração apresentados são apenas um ato formal em um processo que simboliza o fim de sua trajetória política. O ex-presidente chega a este ponto cercado por fiéis, mas cada vez mais distante do poder real.
Fato
Se há algum aprendizado nesta fase final, é que a política e o tempo são implacáveis: popularidade não se confunde com impunidade, e alianças podem evaporar rapidamente quando não há mais força institucional para sustentá-las.
Moribundo político
Bolsonaro atravessa agora uma reta final marcada por isolamento e derrota, um capítulo que registra não apenas o fim de um ciclo político, mas também o peso emocional e humano de um líder que viu seu mundo desmoronar.
*Roberto Gutierrez é jornalista. Na comunicação desde outubro de 1976, passou por todas as mídias e há quase três décadas é editorialista e analista político.
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