Em pauta abuso do poder econômico e a PEC da Violência

TSE definirá futuro político do governador do Rio, PC da violência e rotular  crime organizado como terrorismo dominam a pauta em Brasília.

 

Por Roberto Gutierrez – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma nesta semana o julgamento que pode mudar o destino político do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Ele é acusado de abuso de poder econômico nas eleições de 2022, em um esquema que teria criado cerca de 27 mil cargos temporários às vésperas do pleito, com indícios de pagamentos irregulares e falta de transparência — o escândalo que ficou conhecido como a “folha secreta”, revelado pelo portal UOL.

 

Voto do relator

Embora o TRE-RJ tenha absolvido Castro, o Ministério Público Eleitoral recorreu, e a tendência agora é de que o relator no TSE apresente pedido de cassação. O caso é simbólico porque expõe a confusão entre máquina pública e projeto de poder, uma velha prática política no Brasil que resiste mesmo sob o escrutínio das redes e da Justiça Eleitoral.

 

Apoio popular

Enquanto enfrenta o tribunal, Castro tenta consolidar apoio popular. As pesquisas recentes mostram um dado curioso: mais de 50% dos fluminenses aprovam as operações policiais conduzidas sob seu governo, apesar de também crescer a rejeição à sua figura política. No mundo digital, o salto é ainda mais evidente: de 800 seguidores para quase dois milhões, um crescimento explosivo que ilustra como o poder se reinventa na era da influência.

 

Terrorismo

Mas a história não termina aí. Em Brasília, tramita a chamada PEC da Violência, proposta pelo governo federal para endurecer o combate ao crime organizado. A oposição, por sua vez, quer ir além: pretende classificar o crime organizado como terrorismo, medida que acende um alerta geopolítico.

 

Pretexto

Em tempos de instabilidade global, essa definição poderia abrir brechas para ingerências externas, inclusive dos Estados Unidos, sob o pretexto de combater o “terrorismo” em solo brasileiro.

 

Combate se faz assim

Em vez de insistir em rotular o crime organizado como “terrorismo”, seria mais inteligente e eficiente o país investir pesado em tecnologia e pessoal qualificado para reforçar o controle de nossas fronteiras. O verdadeiro combate ao tráfico de drogas e armas começa no ponto de entrada — e não com discursos duros ou mudanças de nomenclatura.

 

Ferramentas

Sensores, drones, scanners de carga e análise de dados em tempo real podem fazer mais pela segurança nacional do que qualquer decreto simbólico. Mas tecnologia sem gente treinada é inútil: falta integração entre as forças de segurança, fiscalização constante e combate à corrupção nas aduanas.

 

Enquanto o foco estiver em discursos e não em ação prática, as fronteiras continuarão porosas — e o crime, organizado.

 

*Roberto Gutierrez é jornalista. Na comunicação desde outubro de 1976, passou por todas as mídias e há quase três décadas é editorialista e analista político.

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