O julgamento de Bolsonaro põe à prova não apenas um homem, mas a coragem das instituições diante de sua própria história.
Por Roberto Gutierrez – De hoje até o dia 14, o Supremo entra em contagem regressiva. Serão dias longos, tensos e de muita fumaça política em Brasília. Na mesa, os recursos de Jair Bolsonaro — e, no ar, a sensação de que o país caminha para um daqueles capítulos que entram na história com data e hora marcadas.
Unanimidade possível
Os recursos de nada mudariam a condenação de 27 anos e três meses de condenação. O fato é que, se o STF bater o martelo por unanimidade, não haverá margem para manobras. A teoria da conspiração dá lugar à letra fria da lei. E aí, como dizem os mais experientes do meio jurídico, “não há WhatsApp que resolva”.
Ritual
Nos corredores, comenta-se que o destino mais provável seria a Papuda — cenário emblemático para um ex-presidente que sempre se apresentou como inimigo do sistema. Advogados falam em prisão domiciliar, alegando idade e saúde fragilizada. Mas até isso tem ritual: só se pede depois de entrar. O primeiro passo é o portão de ferro, a foto de registro, o uniforme, o número.
Entre o grito e a lei, chega a hora em que até os generais do ódio precisam ouvir o som das algemas.
Bolsonaro ainda carrega consigo um exército de seguidores fiéis, mas o vento político mudou. Parte da direita já ensaia novos discursos, enquanto o Supremo se prepara para uma decisão que vai muito além do homem. O que se julga agora é o limite entre a força do Estado e a resistência de quem tentou dobrá-lo.
Silêncio épico
Se o desfecho for o que muitos preveem, o país assistirá a um novo tipo de silêncio: o da autoridade que já gritou demais. E a história, essa velha senhora que não tem pressa, voltará a escrever mais uma linha em letra firme — entre o Supremo e o inevitável.
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