Donos da Telexfree entram em novo negócio suspeito de fraude

Novo investimento de Carlos Costa está na mira da Justiça.

Ainda sob investigação após denúncia do Ministério Público Federal (MPF) por participar de um esquema que recrutava investidores para um sistema piramidal, Carlos Costa e Carlos Wanzeler, donos da Telexfree, vão lançar na próxima quinta-feira (27) dois novos serviços no mercado capixaba, o VoxZap, um aplicativo de troca de mensagens, e o Pipz, programa de fidelização e acúmulo de pontos que podem ser trocados por produtos. As propostas já levantam suspeita das autoridades.

Em encontro com jornalistas nesta quinta (20), o diretor comercial do VoxZap e do Pipz, Américo Maia, explicou como os dois serviços deverão funcionar. Segundo ele, o VoxZap será um aplicativo gratuito para fazer ligações, troca de mensagens e videoconferências, que terá pequenos prêmios para a realização de “tarefas simples”, como a realização de check-ins, atualização do perfil e a visualização de vídeos pela plataforma.

“A cada tarefa dessa uma publicidade vai aparecer para o usuário, inicialmente do Google Adsenses e posteriormente dos nossos parceiros. Daí virá o dinheiro. É uma publicidade que se alimenta sozinha. Além disso, o VoxZap terá planos Voxzap Max, com vantagens ilimitadas e acúmulo de pontos no Pipz, programa de fidelidade, que poderão ser trocados por produtos nos estabelecimentos dos nossos parceiros”, afirma Maia.

A partir do pagamento de uma mensalidade de R$ 179,90, segundo o diretor, o usuário poderá juntar pontos no Pipz, que poderão ser aumentados ”a cada amigo que entrar para o plano VoxZap Max e os amigos destes amigos”. Esses pontos podem ser sacados em dinheiro em bancos ou pagarem por produtos, por meio do Pipz Pay, em lojas cadastradas. O programa, até o momento, possui “entre oito e 10 parceiros”, entre padarias e postos de gasolina do Estado.

A operação se baseia na recuperação judicial da empresa de telefonia Voxbras, de Castelo, comprada pela Telexfree, em 2013. Carlos Costa responde a uma denúncia do MPF na Justiça Federal sobre a suspeita de que a compra da VoxBras tenha sido realizada com o propósito de lavar dinheiro da Telexfree, que teve os bens bloqueados desde junho de 2013.

Uma das unidades da Voxbras está no mesmo escritório onde funcionava a sede da Telexfree em Vitória, no Edifício Petro Tower, na Enseada do Suá. O imóvel pertence à Telexfree e está entre os bens bloqueados pelo Judiciário para indenizar a União pelos supostos crimes cometidos contra os Sistemas Financeiro e Tributário Nacional.

Questionados sobre a participação de Costa no VoxZap e no Pipz, a VoxBras disse que vai agendar novos encontros com o empresário no próximo mês. Eles se recusaram a entrar no assunto das denúncias contra a Telexfree durante o evento.

O aplicativo será lançado em evento que deverá reunir 150 empresários interessados na parceria com o Pipz. Carlos Costa é um dos nomes confirmados.

No início do ano, o Ministério Público Federal, na medida cautelar que definiu o bloqueio dos bens da empresa e dos sócios em 2014, solicitou a 1ª Vara Federal Criminal para impedir que a Voxbras lançasse esse novo empreendimento devido aos indícios de irregularidades. Segundo a Procuradoria da República no Estado o investimento foi financiado com dinheiro do crime de lavagem de dinheiro.

Na decisão, em 17 de janeiro, o juiz substituto Vitor Berger Coelho disse que, apesar de haver fortes indícios de que a Voxbras foi adquirida com recursos fraudulentos, ele não iria paralisar as atividades da empresa porque ainda não havia provas de que há uma nova pirâmide financeira em formação. Segundo ele, o plano de negócio da companhia foi aprovado pela Vara de Recuperação Judicial de Castelo. A suspensão do serviço poderia trazer prejuízos aos credores do grupo que participaram das renegociações das dívidas.

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