O ator, produtor e diretor Maurício Sherman morreu na manhã desta quinta-feira, 17, aos 88 anos. A rede Globo confirmou a notícia no perfil oficial da emissora no Facebook. Segundo a família, Sherman morreu em casa, na Zona Sul do Rio, de complicações decorrentes de doença renal crônica.
“A história do Maurício Sherman é a própria história da televisão. Quando foi inaugurada a TV Tupi do Rio de Janeiro, o Sherman estava lá. Depois desse início, participou de vários programas em várias emissoras. Foi o descobridor da Xuxa e da Angélica. Participou do Fantástico, dirigiu o Faustão e depois criou o ‘Zorra total’. É uma tristeza a perda do nosso Maurício. Uma pessoa carinhosa, amiga e, acima de tudo, um amante da nossa televisão”, diz o ex-diretor da TV Globo e empresário José Bonifácio Sobrinho, o Boni.
Sherman contribuiu para diversas emissoras de TV do país, como a Tupi, a Excelsior, a Bandeirantes e a Manchete – onde lançou as apresentadoras infantis Xuxa e Angélica.
Em várias passagens pela Globo, ajudou a criar o “Fantástico” e dirigiu humorísticos, como “Faça Humor, Não Faça Guerra”, “Os Trapalhões” e os programas de Chico Anysio. Também foi diretor-executivo da Central Globo de Produção.
Trajetória começou no teatro
Sherman nasceu no dia 21 de janeiro de 1931, em Niterói, Região Metropolitana do RJ, filho de um casal de judeus poloneses. Formou-se em direito na Universidade Federal Fluminense no fim dos anos 1940.
Aos 13 anos, porém, já participava de peças amadoras apresentadas em um clube da colônia judaica em Niterói. Em uma dessas ocasiões, foi convidado pelo radialista Hélio Tys para trabalhar como ator na Rádio Mauá, onde estreou em uma representação de “O Corcunda de Notre Dame”.
A partir daí, participou do Grupo Jerusa Camões, no Teatro da Juventude Universitária, atuando em diversos espetáculos ao lado de atores como Gisela Camões, Wanda Lacerda, Nathália Timberg, Fernando Pamplona e Alberto Perez.
Elizeth Cardoso.
Maurício Sherman em ensaio da peça Os Amantes — Foto: Acervo / TV Globo
A chegada à TV
Em 1951, iniciou sua trajetória na televisão, quando participou de uma representação da Paixão de Cristo na TV Tupi.
Maurício Sherman se transferiu para a TV Paulista, canal 5 de São Paulo, em 1952. Na emissora, representou clássicos do teatro e da literatura, como “Rei Lear” e “Hamlet”, de William Shakespeare, e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa.
Em 1954, passou a trabalhar na TV Tupi do Rio de Janeiro, onde permaneceu por dez anos. Durante este período, atuou no “Sítio do Picapau Amarelo” e dirigiu um teleteatro com Heloísa Helena.
Maurício Sherman no comando do programa Faça Humor, Não Faça Guerra — Foto: Acervo / TV Globo
Depois de uma breve experiência na TV Excelsior, Maurício Sherman foi convidado por Mauro Salles para trabalhar na Globo, em agosto de 1965.
A estreia foi na direção do “Espetáculo Tonelux”, programa apresentado por Marília Pêra, Gracindo Jr., Riva Blanche e Paulo Araújo. O musical era gravado ao vivo no auditório da Globo, com a presença de cantores da Jovem Guarda e uma orquestra sinfônica regida por Isaac Karabtchevsky.
Em 1966, dirigiu os programas humorísticos “Riso Sinal Aberto” e “Bairro Feliz”. Nesse período, contribuiu para a entrada na Globo dos redatores de humor Max Nunes e Haroldo Barbosa.
Maurício Sherman durante reunião com Haroldo Barbosa, Max Nunes e Rubens Amaral na TV Globo em 1965 — Foto: CEDOC/TV Globo
Maurício Sherman deixou a Globo em 1968, quando o programa que então dirigia, “Noite de Gala”, passou a ser exibido na TV Excelsior. Neste mesmo ano, foi convidado a comandar uma equipe de criação na TV Tupi, composta por Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes.
Permaneceu na Tupi até 1972, quando retornou à Globo para dirigir o humorístico “Faça Humor, Não Faça Guerra”, com Jô Soares, Renato Corte Real, Luis Carlos Miéle, Paulo Silvino e Sandra Bréa.
‘Fantástico’
O diretor participou da equipe de criação do “Fantástico”, em 1973, e foi um dos diretores do programa por três anos. Dirigiu também o “Moacyr Franco Show” até 1977, quando saiu novamente da emissora para assumir a direção artística da linha de shows da TV Tupi de São Paulo. Retornou à Globo em 1981 e dirigiu “Chico Anysio Show” e “Os Trapalhões” por dois anos.
Maurício Sherman ao lado do diretor Carlos Manga — Foto: Acervo / TV Globo
Maurício Sherman voltou à Globo em 1988, como diretor-executivo da Central Globo de Produção. Nos 12 anos seguintes, desempenhou várias funções: foi diretor de núcleo do horário das 18h; diretor do musical “Globo de Ouro”; diretor artístico do “Fantástico”; diretor do departamento de Projetos Especiais; e diretor da área de controle de qualidade.
De 1989 a 1991, esteve à frente de “Os Trapalhões”, programa apresentado por Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias. No dia 28 de julho de 1991, dirigiu o especial comemorativo de 25 anos dos comediantes, com 25 horas de duração e a participação de todo o elenco da Globo.
Em 1991 e 1992, Maurício Sherman dirigiu as vinhetas com a mensagem de final de ano da Globo. Foi premiado pelas vinhetas da mensagem “Tente e invente, faça um 92 diferente”, em que atores, jornalistas, comediantes e apresentadores apareciam mostrando talentos até então desconhecidos do público.
Em 1994, quando atuou como supervisor do “Video Show”, Maurício Sherman foi responsável pela transformação da atração em um programa diário. Em 1999, assumiu o humorístico “Zorra Total”. Em 2001, foi diretor do “Domingão do Faustão”.
Maurício Sherman posa para foto com Samantha Schmütz, Miriam Martin e Katiúscia Canoro em dezembro de 2009 — Foto: Rafael França/TV Globo
Em 2009, Maurício Sherman dirigiu o especial de fim de ano “Chico e Amigos”. Na trama, que se passava no navio Ventos Anysios, Chico Anysio interpretou personagens que marcaram sua carreira e homenageou a “Escolinha do Professor Raimundo”, que completava 57 anos. Outra edição do especial “Chico e Amigos” foi exibida em janeiro de 2011.
No teatro, Maurício Sherman dirigiu vários espetáculos importantes, com destaque para “A Pequena Notável (1972)”, estrelado por Marília Pêra, no papel de Carmen Miranda; e “Evita” (1983), estrelado pela cantora Cláudia e os atores Mauro Mendonça e Carlos Augusto Strazzer.
Mauricio Sherman e Chico Anisio em 2009 — Foto: César França/TV Globo
Depoimento – Maurício Sherman: Censura
Trabalhos na TV Globo
Humor
- Riso Sinal Aberto (1966)
- Bairro Feliz (1966)
- Faça Humor, Não Faça Guerra (1973)
- Chico Anysio Show (1981)
- Os Trapalhões (1981)
- Zorra Total (1999)
Auditório & Variedades
- Noite de Gala (1966)
- Moacyr Franco Show (1977)
- Video Show (1994) – supervisor
- Domingão do Faustão (2001)
Musicais
- Espetáculos Tonelux (1965)
- Globo de Ouro (1988)
Jornalismo
- Fantástico (1973)
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