(Roberto Gutierrez) Não saberia dizer o que é ser jornalista. Muita gente me chama de jornalista, mas, nem sei ao certo, aliás, as coisas mudaram tanto que, por alguns momentos, penso que só a ficção poderia fazer uma análise política do mundo como está hoje.
Não vou dizer que sinto saudade da máquina de escrever, de uma rádio-foto, de uma rotativa cujo texto era digitado com chumbo derretido, ou da redação repleta de fumaça de cigarro. Acho que sinto saudade dos amigos que se foram e percebo que eu era jovem.
Quase 40 anos depois do primeiro texto publicado com uma assinatura minha, continuo aprendendo todo dia e, por vezes, até me emocionando com o emprego sutil de uma ideia no texto, cuja leitura desce macio.
O grande desafio é ousar pensar no que essa nova tecnologia – a era digital – nos levará. Que linguagem de texto empregar? Na atualidade escrevo coluna sobre análises, opinião, cotidiano, pitadas de humor – uma fórmula tão velha quanto à invenção de Gutemberg. Acredito que esse mosaico de informação que se tornou a Internet, um dia encontrará sua própria linguagem quanto à técnica do jornalismo. Não me sinto um dinossauro, mas um aprendiz da inovação.
Uma coisa sempre será igual: a capacidade de se indignar com os desmantelos, a necessidade de apurar os fatos e o desejo de que muito mais gente compartilhe da informação. As ações responsáveis e irresponsáveis também continuarão uma constante, o que vai mudar mesmo, e a forma, pois o conteúdo é existencial. Acredite, na atualidade, todos temos um quê de jornalista.
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