Filho de Clodomir Amiguinho, que descobriu diamantes no rio Machado, Wellington Mendes é um personagem da história da Vila de Rondônia que a Covid levou.
Roberto Gutierrez
Da redação
Morre aos 65 anos de idade Wellington Mendes Lima, o filho caçula de um dos personagens de maior importância para a história de Ji-Paraná: Clodomir Lima, o Seu Amiguinho, que descobriu que havia diamantes no rio Machado e, a partir daí, protagonizou o surgimento do garimpo, atraindo muita gente para a Vila de Rondônia e tirando os seringueiros do isolamento.
Wellington Mendes morreu hoje 08/03, pouco antes das 8h30, vítima da Covid-19. Ele fazia parte do grupo de risco, não apenas por conta da idade, mas, porque dependia de sessões de hemodiálise para se manter vivo. Há um mês ele estava muito fraco. Por conta disso, não tinha como submeter-se à hemodiálise, muito embora a Covid ainda não havia comprometido seus pulmões. Mesmo assim, acabou submetido a um Leito de UTI para poder fazer a hemodiálise e não saiu mais.
Wellington Mendes de Lima era casado com Maria José, tinha um casal de filhos Patrícia e Bruno, além de três netas: Saara, Eloá e Maria Flor que nasceu há sete meses em Belém.
O enterro está previsto para as 16 horas de hoje no cemitério da Saudade em Ji-Paraná.
Pioneiro
Apesar de ter nascido em Belém, capital do Pará, em 2 de julho de 1955, foi na Vila de Rondônia que, desde a primeira infância, Wellington Mendes construiu sua história.
Muito jovem acabou realizando uma de suas maiores paixões: – a de ser locutor. E foi no serviço de alto-falantes a Voz da Cidade, na Vila de Rondônia, que Wellington Mendes empostava a voz para anunciar as ofertas do Mercadinho Gaúcho, da Casa Aguiar e e da Casa Estrela no entrono do extinto Mercado Modelo – Músicas da Jovem-Guarda faziam a trilha sonora de um tempo de heróis anônimos – era o início da Colonização e Reforma Agrária do Território Federal de Rondônia que teve como um dos protagonistas Assis Canuto.
Irreverente
Inquieto e boêmio, Wellington Mendes era um crítico dos costumes da época. Com bom humor imitava os principais personagens da economia e os que se achavam importantes. Outro personagem importante da história de Ji-Paraná, Zé Otônio Lima Silva, imitava como ninguém as perFcipécias do querido Wellington Mendes.
A sua paixão por locução ganhou forma profissional quando foi convidado por Acir Gurgacz para apresentar um programa aos fins de semana na Rádio Alvorada:’ O Carrossel da Saudade’. Nesse espaço, com muito conhecimento da Música Popular Brasileira, Wellington Mendes comentava detalhes dos artistas e passagens relativas à história do país em cada época.
Turismo sempre foi um das bandeiras de Wellington Mendes. Dizia que Ji-Paraná perdia todas as oportunidades de progredir porque não incentivava o turismo regional com eventos culturais, artísticos e religiosos para atrair gente e movimentar a economia.
Filho caçula do Seu Clodomir Amiguinho, testemunhou a morte de um dos irmãos, Sidnei. Luiz, o mais velho, está doente com diabete e um coágulo na cabeça. Welington Por muito tempo ficou à frente do Hotel Amiguinho, que teve seu auge de importância desde a década de 60 até os anos 90.
Wellington tinha muito orgulho da história de seu Pai Clodomir ‘Amiguinho’ e dona Geni, a mãe. Reclamava porque até então nunca teve uma Rua ou um poste sequer com o nome do pai dele.
Junto com Maria José, sua mulher que sempre foi o esteio de equilíbrio da Família, montaram sobre tubos de aço o Restaurante Flutuantes nas águas do rio Machado. Se tornara na época um dos postos turísticos mais importantes de Ji-Paraná. Tempos depois, literalmente com o naufrágio do empreendimento, o casal montou o Mirante Restaurante, também às margens do Rio Machado tendo o peixe como especialidade da casa.
Num passado bem recente, já abatido por conta da falência dos rins, Wellington tronou-se alguém mais apegado as coisas espirituais.
“Pouco antes de ser entubado, meu marido recebeu a visita de um médico, amigo nosso da igreja, com quem orou e se arrependeu por seus pecados”, comentou Maria José, a viúva.
“Para comandar a central técnica e efeitos sonoros da desta emissora, já está devidamente posicionado ,o célebre da técnica… Canuto di Paula “.
Parece que ouço Wellington Mendes dizendo essas frases, na abertura do programa ” o domingo é nosso e “o carrossel da saudade”.
Saudades do meu amigo!
(Aqui pras terras de Rondon, quando bate a solidão,o amor se transforma em saudade)
Gostaria de corrigir o texto do nobre jornalista, dr. Wellington Mendes, ingresso na sua carreira de locutor de rádio no ano 1979, na Rádio Alvorada, aos domingos das 18:00 as 24:00, com o programa “O domingo é nosso”, aonde tínhamos o desfile das mais belas música dos hits do passado. S ou testemunha, pois por vários anos fui um dos sonoplasta que contribuía com o sucesso do o programa.