Arnaldo Bianco sai da vida e entra para a história de Rondônia

Arnaldo Egídio Bianco 02/10/1946 a 23/03/2022

Uma das mentes mais brilhantes que ajudou a organizar e a consolidar o Estado de Rondônia morre aos 75 em Londrina.

Um ataque cardíaco fulminante ocorrido às 10h23 de hoje (23/03), em Londrina, no Paraná, tirou a vida de Arnaldo Egídio Bianco, 76 anos, irmão do ex-governador José de Abreu Bianco. Fazia  um ano que ele, com a esposa Tânia da Silva morando em Londrina, mas ensaiava planos de voltar para Ji-Paraná, cidade na qual construiu sua história.

Foi Tânia quem narrou à Folha os últimos momentos do amor de sua vida.

Nós tomamos café da manhã juntos, como fazíamos todos os dias, daí ele foi ao escritório que improvisamos em um cômodo do apartamento onde ele estava fazendo as declarações do imposto de renda dos irmãos. Sorridente e com o cavalheirismo de sempre, Arnaldo voltou à cozinha dizendo: – “agora vou fazer o segundo tempo do café da manhã.” Assim que terminou de comer, voltou para o escritório.

Algum tempo depois, a secretária responsável pela cozinha foi ao escritório buscar uma caneta. “Ela iria fazer a lista de compras para que eu fosse ao mercado, foi quando ela encontrou Arnaldo caído no chão”.

O socorro chegou rápido. Durante uma hora os paramédicos tentaram reanimá-lo. De nada adiantou. Arnaldo Egídio Bianco teve um infarto fulminante.

Estes foram os últimos momentos de uma das maiores inteligências de Rondônia narradas pelo grande amor de sua vida, Tânia da Silva que, aos prantos, disse ao repórter Roberto Gutierrez que “meu Arnaldinho foi embora como era de seu estilo: sem se despedir”.

O corpo de Arnaldo Egídio será sepultado às 11 desta quinta-feira no Parque das Oliveiras em Londrina.

Migrando para Rondônia

O contabilista nascido em Apucarana, interior do Paraná, Arnaldo Egídio Bianco, chegou a Rondônia em 1976 por influência do irmão advogado José de Abreu Bianco, que já havia fincado raízes na então Vila de Rondônia.

Logo com a transformação da Vila de Rondônia para Ji-Paraná à condição de município, novos horizontes se abririam. Rondônia, ainda território federal, não tinha apenas Porto Velho e Guajará-Mirim como únicos municípios. Já em 1978, com a anistia política e a liberação para que partidos saíssem da clandestinidade, a política ganhava novos ares e, com ela, as disputas aguardavam 1982.

Homem de confiança do Teixeirão

Quando Rondônia se tonou Estado na era Jorge Teixeira de Oliveira, o Teixeirão, o último governador nomeado da era militar, Arnaldo Bianco foi nomeado vice-prefeito de Ji-Paraná, ao lado de Manoel Lopes Lamego como prefeito.  Em 1983 Arnaldo ocupou o cargo de Secretário de Estado de Planejamento de Teixeirão, Secretário de Administração do Governo Ângelo Angelin, ajudou na implantação das estruturas administrativas e funcionais da prefeitura de Ji-Paraná e da Câmara dos Vereadores quando de sua criação, foi secretário na primeira gestão do prefeito José Bianco,  secretário de governo na prefeitura de Ji-Paraná de 2025 a 2012; delegado da Receita Estadual de Fazenda em Ji-Paraná, Secretário de Estado e Planejamento do Governo José Bianco.

Arnaldo Bianco foi quem ajudou a criar a estrutura administrativa do governo de Rondônia e responsável pela reforma da política fazendária de Rondônia que há muitos anos se tornou modelo seguido por vários estados brasileiros.  Arnaldo Egídio Bianco é autor de mais de 30 livros ligados às politicas fiscal e administrativa. Arnaldo Bianco fez parte da diretoria de fundadores da loja maçônica Acácias de Rondônia n. 5 de Ji-Paraná.

Não quis assumir como senador

Uma passagem na vida de Arnaldo Bianco que pouca gente sabe, é que ele foi primeiro suplente de senador de José Bianco. Quando Bianco foi eleito governador, Arnaldo desistiu de assumir abrindo a vaga para Moreira Mendes, o segundo suplente. Arnaldo fez isso para ajudar o irmão para conduzir o Governo de Rondônia.

Morreu como Teixeirão: sem acumular riqueza.

Arnaldo não chegou a se aposentar. Há um ano ele tirou licença médica da Assembleia Legislativa. Ele teve um descolamento de retina e ficou cego de um olho. Sua estada em Londrina onde morava em um apartamento alugado tinha como propósito tratamento de saúde. O processo do pedido de aposentadoria dele está no Iperon e seria por invalidez.

O homem que era respeitado e admirado por Teixeirão, não acumulou riquezas. Arnaldo Bianco tinha apenas uma casa em Ji-Paraná e o salário dele de funcionário público.

Arnaldo Egídio, o quarto filho de sete irmãos da família Bianco, deixa a mulher, Tânia, dois filhos biológicos Alexandre e Júnior, quatro netos, além dos enteados Rafael e Fernanda.

7 Comentários

  1. Um ser humano diferenciado, especial, exemplo de humildade.
    Deus conforte o coração de todos os familiares.

  2. Nossos profundos sentimentos a toda família Bianco e a sua companheira dedicada Tânia
    Deus console todos nossos corações que choram a perda de tão nobre criaturas de Deus

  3. Umas das mentes mais brilhantes que conheci amigo dos amigos leal e de palavra sempre cumpria sua palavra. Um abraço a toda família bianco q Deus conforte a todos

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