Um, administrador e político, Arnaldo. Outro, empresário e político, Zé Otônio.
Lúcio Albuquerque, repórter
Em menos de 24 horas perdi duas pessoas que aprendi a respeitar pelos muitos anos de contato, ambas residentes em Ji-Paraná, testemunhas e participantes ativos do desenvolvimento que ajudaram a incrementar, para fazer de Vila Rondônia a potência em que se transformou a partir da passagem a município de Ji-Paraná.
De formações diferentes, Zé Otônio estava na Vila desde a década de 1960, chegando do Ceará e se instalou na cidade “Coração de Rondônia”, passando depois a vender combustível e chegou a ter uma rede de postos na BR, o “Vitória”, mas mesmo empresário de grande força econômica, não mudou seu estilo de atender bem aos outros.
Arnaldo Bianco chegou também antes da criação do município. Na metade dos anos 1970 desembarcou, ainda quando era “Vila Rondônia”, onde já se encontrava seu irmão José, advogado e futuro governador do Estado. Arnaldo resolveu ficar, atraído, talvez, pela crença de que a nova terra “prometia”, como tantos muitos outros decidiram fazer, e agradecem por isso.
Do Zé Otônio conheci mais a fama, porque só duas ou três vezes conversamos, a última, em seu escritório, onde ele contou sobre sua vida, as batalhas que enfrentou, falou da família, de suas incursões políticas, duas vezes candidato a prefeito e só eleito em 2008 quando foi vice na chapa encabeçada por José Bianco.
O conhecimento com o Arnaldo foi mais amplo. Primeiro quando seu irmão José foi eleito deputado estadual, em 1982 e presidiu a primeira constituinte. Arnaldo assumiu um setor da Assembleia e era comum vê-lo parado ouvindo e conversando com as pessoas, o sorriso de sempre no canto da boca, mais ouvindo que falando, depois quando seu irmão foi eleito prefeito de Ji-Paraná foi para lá onde mostrou a competência de sempre.
Zé Otônio, pelo que sei, não tinha muito “banco de escola”, mas tinha experiência e usava a “escola da vida” para dar sua participação no desenvolvimento jiparanaense. Na última vez que conversamos ele disse uma frase que nunca esqueci, e que em meu entendimento resumia toda a sua filosofia de vida.
O contato com o Arnaldo foi mais direto: como repórter o entrevistei algumas vezes nas vezes em que ele assumiu um órgão da administração de dois ou três governadores, e sempre se saindo bem, especialmente da última em que foi responsável pela reorganização administrativa do Estado.
Em seu escritório, sem qualquer ostentação apesar da fama de ser um empresário muito bem sucedido, conversei com um homem simples, capaz de frases também simples, típicas de quem o sucesso não subiu à cabeça. “Eu trabalhei muito para chegar aqui. Mas o que consegui não me dá o direito de achar que sou melhor que ninguém”.
Conheci melhor o Arnaldo na campanha de seu irmão José a governador em 1998. Aprendi que para resolver problemas no trabalho que eu fazia, o melhor caminho era ir para aquela sala no fundo do prédio da central da campanha e ter uma conversa com ele. Como era de seu estilo, sempre ouvia mais que falava, mas aquando falava era mais escutado. E não só por mim.
Às famílias, que só com um passamento já sofreriam pela perda do amigo, a esperança de que Zé Otônio e Arnaldo tenham sido bem acolhidos pelo Pai.
E que seus bons exemplos sirvam para iluminar os caminhos daqueles que ficaram.
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