Em discurso emocionado, Confúcio Moura convida os senadores à reflexão sobre o Brasil do futuro

Manifestando preocupação sobre o risco de debates inócuos no Senado, o parlamentar receia que o apego ao passado impeça o debate sobre planejar o País que olha para frente e planeja com responsabilidade.

Em pronunciamento, via videoconferência, feito na noite de ontem (27) aos seus colegas de Parlamento, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) conclamou todos a refletirem sobre a qualidade da Agenda de debates que a Casa tem tido nos últimos meses e sobre a possibilidade de estabelecer prioridades a partir das reais necessidades da sociedade. Para o senado rondoniense, “as discussões são tantas e em ritmos tão acelerados que, receio, fiquemos presos ao varejo, ao trivial, e que as questões mais relevantes se percam”, disse em sua fala.

 

Para Confúcio Moura, os problemas brasileiros são tantos e numa tal dimensão que é impossível fazer o enfrentamento a todos, mas é necessário “começar agora um processo de planejamento para o futuro do País. Temos muitas coisas para trabalharmos, com os pés no chão. É preciso começar já! ”, alertou o senador.

 

Para o parlamentar de Rondônia, os debates ainda carregam forte dose de vínculo com o passado, com o fim do século 19 e todo o século 20. “Não precisamos nos reencontrar eternamente com o passado. Parece que estamos olhando o tempo todo para o fim do século 19 e todo o século 20, cheios de esperanças. Nada aconteceu de bom para o nosso povo nesse tempo”, lamentou Confúcio Moura.

De acordo com o senador, a solução para grande parte dos problemas do País passa por formular o planejamento orientado pelo Orçamento da União e construir ações com base nos limites que este impõe para se ter um norte palpável, real, exequível. “Eu acredito que a melhor peça de planejamento é um bom orçamento, um orçamento bem feito, cortando os excessos, os penduricalhos, fazendo correções de muitas vinculações desnecessárias e aumentar o recurso discricionário para os investimentos que o Brasil precisa, em ferrovias, em uma malha rodoviária melhor, em pontes, em estruturas escolares adequadas, na área da pesquisa científica. Tudo isso é necessário, e dá para fazer. Os países que evoluíram tiveram que fazer esse plano, esse pacto nacional”, propôs Confúcio Moura.

 

Com o inicio da campanha eleitoral, segundo Confúcio Moura, os debates se fragilizam. “Agora começa a pancadaria, um bate no outro, um ataca daqui outro dali e não falam o que é que vão fazer de bom no futuro. Isso é realmente desagradável”, lamenta o senador. No entanto, para ele, os senadores “temos que botar as mãos na massa, focar na educação. Se a gente melhorar a educação das crianças hoje, garantimos um Brasil melhor lá na frente. Vai diminuir a violência, os assassinatos nas ruas, os roubos. Aas famílias terão paz nas suas casas e nas ruas”, propôs o parlamentar.

 

Para o senador, as discussões deveriam se concentrar em temas estratégicos. Na sua agenda de mandato, por exemplo, ele tem duas prioridades que julga importante e que sente tergiversado. “Além da educação, que realmente é o meu propósito maior, tenho como prioridade a preservação da Amazônia e dos demais biomas. Hoje teve, na Comissão do Meio Ambiente, uma audiência pública lindíssima sobre a Caatinga. Foi uma maravilha de audiência pública. Sobre os nossos biomas, está passando a novela Pantanal, mostrando a beleza do Pantanal, da biodiversidade brasileira, dos remédios do Cerrado. É muita coisa que nós temos que fazer para preservar e usufruir dessas riquezas”, afirmou Confúcio Moura.

 

Na sua avaliação, um dos projetos necessários ao País é o de renda mínima, para as famílias mais pobres – e tão necessário no momento. E a receita já está pronta, na sua visão. “O projeto de renda mínima do Eduardo Suplicy está aí, basta ajustá-lo ao nosso tempo e aprovar, porque realmente é um projeto que o Suplicy passou anos a elaborar. Quem foi colega dele aqui? Eu era Deputado, ele era Senador. Ele passou a vida toda no Senado trabalhando esse projeto de renda mínima. Não podemos jogá-lo fora. Isso é um estudo lindo, com consultorias especializadas, com estudos profundos que o Eduardo fez”, defendeu Confúcio Moura.

 

“São coisas simples como esta que devemos lidar. Simples e necessárias. O Brasil é maior do que as teses defendidas por este ou aquele. As necessidades da população são concretas e urgentes. Vamos resolvê-las primeiro. Feito isso, os debates que hoje travamos recomeçam em outro patamar”, concluiu Confúcio Moura.

 

 

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