Serere Xavante foi preso por indícios de crime e participação em atos antidemocráticos.
Líderes indígenas xavantes negam que o bolsonarista José Acácio Serere Xavante, preso pela PF, seja cacique do povo. A informação vem sendo divulgada por militantes apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).
Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Serere foi detido nesta semana, o que levou a uma reação violenta de bolsonaristas. Os manifestantes vandalizaram as ruas de Brasília na noite de segunda-feira, 12.
Lúcio Xavante, presidente interino da Coordenação Geral Indígena Xavante, disse que Serere recebe dinheiro de fazendeiros de seu Estado, o Mato Grosso, e que os militantes usam sua imagem de “má-fé”.
“Nossa indignação é com os financiadores da participação de Serere nesses atos”, afirmou em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo. “Os financiadores são fazendeiros e empresários, que colocam o indígena na frente para representar essa insatisfação com o resultado das urnas.”
Os indígenas xavantes estão em nove terras protegidas no Mato Grosso. A de Serere, chamada Parabubure, fica próxima da cidade de Campinápolis, onde o bolsonarista tentou ser prefeito em 2020, mas não se elegeu.
Segundo Lúcio Xavante, Serere não é cacique daquela área, embora seja de uma família de caciques. O indígena bolsonarista já atuou por seu povo e participou da coordenação do movimento xavante, mas hoje está distante da causa.
“Essa participação dele nesses atos não tem nada a ver com nossa luta, que é bem diferente de invasão de terras indígenas, de ameaças ao nosso território e da agenda anti-indígena no Congresso para beneficiar latifundiários”, completou Lúcio.
Outro representante indígena, Rafael Weree, coordenador do movimento indígena no PDT, reforçou à Folha que Serere não representa seu povo.
“Ele é um irmão xavante nosso, a gente fica preocupado, mas ele que se colocou no extremismo na política, ao contrário da própria orientação dos xavantes. E nossa orientação sempre foi respeitar a Justiça e o resultado do sistema eleitoral brasileiro.”
“Esse episódio vai fazer com que os brasileiros pensem que os xavantes apoiam Bolsonaro e esses atos que estão ocorrendo. E nós não apoiamos”, acrescentou.
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