Quando até os “adversários” jogam no mesmo time do STF

Enquanto bolsonaristas, lulistas, ministros e senadores disputam nos bastidores a próxima cadeira do Supremo, o currículo ficou em segundo plano.

Roberto Gutierrez – Brasília nunca decepciona quando o assunto é contradição. Agora, a bola da vez atende pelo nome de Jorge Messias.

Veja só: dois ministros indicados por Bolsonaro, André Mendonça e Kássio Nunes, estão fazendo campanha aberta para emplacar Messias no Supremo. Se isso não é ironia institucional, nada mais é.

Do outro lado, senadores bolsonaristas já avisam: podem votar contra Messias não por discordância jurídica, mas para criar confusão mesmo. O objetivo é claro: fabricar uma crise entre os Poderes, jogar gasolina na fogueira e assistir de camarote.

Quem puxa esse cordão no Senado é Davi Alcolumbre. Ele não esconde de ninguém: quer Rodrigo Pacheco no Supremo. E não está sozinho. Alexandre de Moraes e Flávio Dino também enxergam Pacheco como o nome ideal para a vaga.

E Lula? Lula segue firme com Messias. Pelo menos no discurso. Mas, nos bastidores, o Planalto já começa a medir o tamanho da encrenca. A resistência de Alcolumbre virou dor de cabeça real, daquelas que não passam com analgésico político comum.

No fim, ninguém está brigando por currículo. A briga é pelo controle do Supremo, esse é o verdadeiro troféu. O resto é discurso para consumo externo.

 

Roberto Gutierrez é jornalista. Na comunicação desde outubro de 1976, passou por todas as mídias e há quase três décadas é editorialista e analista político.*

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