Diálogo depende de punições do ‘petrolão’, diz Aécio

Volta à Casa: senador sinaliza oposição mais intensa na próxima legislatura
Volta à Casa: senador sinaliza oposição mais intensa na próxima legislatura

Por Fábio Góis – Congresso em Foco – Diante de um plenário lotado por parlamentares tucanos e aliados de campanha, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou à tribuna do Senado e deu um ultimato à presidenta Dilma Rousseff, que o derrotou nas urnas no último dia 26: a oposição só negocia se houver punição aos responsáveis do esquema de corrupção bilionário instalado na Petrobras. Além disso, avisou Aécio, todo e qualquer diálogo com o governo só se dará mediante apresentação de propostas voltadas “aos interesses brasileiros”.

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“Os fatos falaram mais alto. Os que foram intolerantes durante 12 anos agora falam em diálogo. Pois bem, qualquer diálogo estará condicionado ao envio de propostas que atendam aos interesses dos brasileiros. E, principalmente, chamo a atenção desta Casa e dos brasileiros para o que vou dizer: qualquer diálogo tem que estar condicionado, especialmente, ao aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história desse país, já conhecido como petrolão”, discursou Aécio, interrompido por aplausos.

Para Aécio, o caso só veio à tona depois dos depoimentos de dois dos artífices das irregularidades na estatal – o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, acusado de lavar no exterior o dinheiro desviado dos cofres públicos. Segundo o senador, a verdade sobre o escândalo apareceu justamente em razão da delação premiada a que ambos se submeterem para diminuir suas eventuais sentenças judiciais – jogando por terra, acrescentou Aécio, “todo o esforço” do governo para “inibir as investigações” das CPIs instaladas no Senado.

As críticas à economia foi um dos pontos fortes do pronunciamento. Depois de reafirmar ter sido vítima do “vale-tudo eleitoral” do PT, o senador mineiro disse que o governo fez, “três dias depois” do segundo turno, o que disse que ele faria caso tivesse sido eleito. Apontando o crescimento do déficit comercial, o “rombo” das contas externas e a consequente redução das taxas de investimento, ele acusou o governo de não ter se preparado “para controlar a inflação e recuperar o controle fiscal”. “Mas a história, rapidamente, mostrou quem tinha razão. Esconder, camuflar virou a rotina deste governo”, disse.

“Chegamos à menor taxa de investimentos da nossa economia das últimas décadas, apenas 16,5% do PIB. A candidata oficial também negou perante todo o Brasil a necessidade de reajustar as tarifas públicas, e acusou a minha candidatura de o estar preparando, caso vencêssemos as eleições. Pois bem, a presidente já está fazendo aquilo que disse que não faria. Na próxima semana, teremos o aumento da gasolina e, já nesta semana, tivemos aumento de tarifas de energia, que sofrerão reajustes que simplesmente anulam toda a redução obtida com a truculência da intervenção havida no setor elétrico. Isso sem falar na ameaça estampada nos jornais de hoje, de que no verão nos esperam apagões de energia”, declarou.

O pronunciamento teve início por volta das 16h, e durou cerca de 40 minutos. Ao todo, a sessão reservada ao discurso do senador tucano se estendeu até as 18h. Em seguida, Aécio recebeu apartes de 18 colegas, apenas dois deles de campo político oposto – o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

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