A escolha de investigados da operação Lava Jato para cargos do primeiro escalão no governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) é motivo de ‘preocupação’ na avaliação do presidente da Associação Nacional dos Delegados Federais (ADPF), Carlos Eduardo Sobral.
Entre os indicados por Temer está o ministro Romero Jucá, do Planejamento, citado na Operação Lava Jato como suposto beneficiário do esquema de propinas que se instalou na Petrobrás entre 2004 e 2014.
O ex-deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que voltou ao comando do Turismo, e o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (BA), que assumiu a Secretaria de Governo, ganharam foro privilegiado e, agora, só podem ser investigados perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos também são citados na maior operação já desencadeada pela PF contra malfeitos.
“Há muitos investigados na Lava Jato que são integrantes do novo governo. Evidentemente, este é um motivo de preocupação. Entretanto, o presidente Michel Temer e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em suas manifestações vêm se comprometendo com a autonomia da PF e com a continuidade da Operação Lava Jato”, afirma Sobral. “Eles sabem que não podem errar, que a PF é uma das instituições mais queridas pela população e que a Lava Jato é um patrimônio do Brasil.”
As nomeações de Temer já haviam sido alvo de críticas também da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O presidente da entidade, Claudio Lamachia, afirmou que ‘quem é investigado pela Operação Lava Jato não pode ser ministro de Estado, sob o risco de ameaçar a chance que o Brasil tem de trilhar melhores rumos’.
A pauta dos delegados da Polícia Federal para o novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, está pronta. O presidente da entidade de classe defende ‘o fortalecimento da corporação, a independência das investigações criminais e, principalmente, a garantia de autonomia da instituição’.
Outro ponto considerado de extrema importância pelos delegados é a lista tríplice para diretor-geral da PF. A Associação deu início, na semana passada, ao processo de eleição para a escolha dos três nomes que serão apresentados a Temer e a Alexandre de Moraes até o fim do mês.
Podem ser eleitos os delegados federais em atividade que se candidatarem à função. Todos os delegados federais ativos e aposentados serão os eleitores.
“Acreditamos que o presidente Temer nomeará o diretor-geral com base na lista tríplice, reafirmando, assim, seu compromisso com a autonomia da PF e com a continuidade da Lava Jato sem qualquer risco de interferências políticas”, assinala Carlos Sobral.
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