Conselho de Ética da Câmara ouve última testemunha de Eduardo Cunha

José Tadeu de Chiara, terceira testemunha arrolada pela defesa de Eduardo Cunha.
José Tadeu de Chiara, terceira testemunha arrolada pela defesa de Eduardo Cunha.

ABr – O advogado e professor de Direito Econômico da Universidade de São Paulo (USP), Tadeu de Chiara, terceira e última testemunha de defesa no processo de cassação do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara antecipou, em depoimento hoje (17), que não conhece o parlamentar. Chiara explicou que foi procurado pela equipe de defesa de Cunha que deu a ele a tarefa de “estudar o caso” relativo aos trustes dos quais o Cunha seria beneficiário. “Minha atuação é exclusivamente técnica”, afirmou.

Chiara disse que está concluindo um parecer sobre os documentos que analisou. Ele explicou que o truste é um instituto que se constitui pela contratação consensual com a entidade trusting e que o receptor assume deveres e obrigações, transferindo bens para que o trusting assuma a titularidade destes bens. “E isto aconteceu. Na contratação, houve a formalização dos deveres e obrigações e, no momento seguinte, a indicação dos bens que foram formalmente transferidos”, disse. Ele confirmou que o fundo foi constituído por valores que não soube precisar.

Ao responder sobre o parecer do Banco Central que aponta que a conta foi aberta com patrimônio de Cunha, Chiara afirmou que “se houve transferência de US$ 10 não lembra de ter lido no parecer. A abertura e o funcionamento de uma conta exige normalmente um pequeno depósito para ativar a conta, criar os elementos para o sistema”, afirmou. Segundo ele, todas as contas que estudou são trustes exclusivos das empresas que a administram.

Mesmo tom

O depoimento segue no mesmo tom dos prestados por outras pessoas indicadas pelo advogado de defesa, Marcelo Nobre. As testemunhas têm seguido uma linha de esclarecimentos, sem o compromisso de apresentar provas sobre o caso.

Esta postura das últimas pessoas ouvidas pelo conselho têm levado o relator do processo, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), a descaracterizá-las como testemunhas e classificá-las como informantes.

No rol de testemunhas de Cunha, ainda era esperado o depoimento de Lúcio Velo, também advogado com atuação na Suíça, que cancelou presença alegando que não poderia comparecer ao conselho esta semana, que marca o encerramento do período de audiências.

Com isto, será a exposição feita pelo próprio Cunha ao colegiado, na próxima quinta-feira (19), quando termina o prazo, sendo aberto prazo de dez dias para que o relator do processo, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), apresente o parecer, que será lido e votado. Cunha é alvo de investigação por quebra de decoro parlamentar por supostamente ter mentido à extinta CPI da Petrobras sobre a existência de contas no exterior em seu nome.

A primeira testemunha arrolada pela defesa foi o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Reginaldo Oscar de Castro. Dias depois, o colegiado ouviu o advogado suíço Didier de Montmollin que negou que as duas contas investigadas pelo governo de seu país sejam de Cunha.

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