Partidos rivais se unem para afastar Cunha definitivamente

Eduardo Cunha está afastado de seu mandato por decisão do STF
Eduardo Cunha está afastado de seu mandato por decisão do STF

Partidos da antiga oposição à presidente afastada Dilma Rousseff, PSDB, DEM e PPS começaram a negociar uma união com os antigos adversários PT, PC do B e Rede por um objetivo comum: afastar, por definitivo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara e realizar novas eleições na Casa. A articulação prevê ainda a discussão de um nome para disputar a sucessão do peemedebista contra o candidato apoiado por Cunha e que sairá do Centrão, grupo de 13 partidos comandado por PP, PR, PSD e PTB.

O diálogo entre os dois grupos foi aberto anteontem. Como revelou a Coluna do Estadão, foram discutidas alternativas para provocar a realização de novas eleições internas. No encontro, a antiga oposição cobrou apoio dos petistas ao projeto que declara vago o cargo de presidente da Câmara.

De autoria do deputado Roberto Freire (PPS-SP), se aprovado, forçaria a realização de nova eleição, acabando com a presidência interina do deputado Waldir Maranhão (PP-MA). O maranhense assumiu o comando da Casa no início de maio, após o Supremo Tribunal Federal afastar Cunha.

Para aprovar o projeto, precisam de assinaturas de líderes que representem 257 deputados. Até agora, contudo, apenas PSDB, DEM, PPS e PSB apoiam a proposta. Juntos, os quatro partidos têm 119 parlamentares. A nova oposição – PT, PC do B, PDT e o deputado Silvio Costa (PT do B-PE) – soma 90 parlamentares.

‘Dúvida’. O PT, por ora, se recusa a assinar o pedido. “Tenho muita dúvida da real intenção deles”, afirmou o líder do partido, Afonso Florence (BA). Ele disse desconfiar de que a antiga oposição quer aprovar o projeto em um acordo para tirar Cunha da presidência da Câmara, mas o preservando do processo de cassação que tramita no Conselho de Ética da Casa.

A avaliação no PT e nos outros partidos adversários de Temer é que, por enquanto, pode ser mais favorável lidar com o presidente interino da Câmara. Embora seja aliado de Cunha e do Centrão, Maranhão votou contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e é próximo de deputados do PT, PC do B e PDT, além de ser aliado do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).

A antiga oposição não aceita Maranhão. “O que está em questão é a normalidade da Casa. Não dá para Waldir Maranhão presidir”, afirmou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). O tucano nega acordo para salvar Cunha. “A cassação de Cunha é consequência e, caso venha para o plenário, será inevitável”, disse.

Embora tenham tido divergências na primeira conversa, os dois grupos vão continuar as articulações. Nova reunião está marcada para a próxima semana.

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