O ingresso do prefeito de Ouro Preto do Oeste/RO Alex Testoni no processo sucessório eleitoral muda o rumo das eleições e revela três pontos interessantes: responsabilidade política, que a população se mostra cada vez mais preocupada com o futuro da cidade e que palanque grande demais não é sinônimo de vitória.
Responsabilidade
Alex, que é hoje quase que unanimidade quanto ao sucesso que imprimiu como prefeito já em conclusão de um segundo mandato consecutivo, poderia muito bem deixar como está e se manter neutro. Afinal, quanto pior fosse a administração dos dois concorrentes em disputa: Rosária Elena e Vagno Panisoly, mais saudades o povo sentiria da era Alex. Mas, seria cômodo e ao mesmo tempo, mesquinho e irresponsável da parte dele deixar como está e pagar pra ver o que seriam capazes de fazer com a cidade. De forma clara, faltando 15 dias para as eleições, anunciou apoio ao empresário Panisoly. Simples, bem-intencionado, capaz, mas sem grupo expressivo e experiência com a coisa pública, Alex viu nele alguém sem os vícios do sistema e verdadeiro. Aí começa a ser desenhado o porquê do apoio. Entre os acordos, o compromisso de que Juan Alex Testoni ficará ajudando na administração do Vagno Panisoly o tempo que for necessário, inclusive, com o compromisso do novo prefeito em concluir todas as obras em andamento.
Palanque grande
Ao meu ver o grande problema do palanque grande demais da candidata Rosária Elena está no pequeno percentual de pessoas que até na última semana haviam decidido que votaria para prefeito. Apesar de nitidamente Rosária estava apresentado vantagem sobre o concorrente, mas era sobre um universo de eleitores que não chegaria a 30%. O restante estava com sentimento inseguro, por conta das duas opções: uma desconhecida e a outra conhecida demais por conta também do farto palanque.
Tudo isso acontecendo porque, pela cabeça do eleitor, não tem como deixar de comparar o que existe hoje, no caso Alex, com o que está na praça para ser escolhido como sucessor.
Assim, a tendência do universo de 70% ou mais da população é de optar pelo menor prejuízo – alguém que tenha algum vestígio de continuidade administrativa, assim, o pacto Alex Panisoly pode dar à parte desse universo eleitoral indeciso o sentimento de alívio aparente de que o ritmo administrativo na prefeitura será mantido.
Apesar da Rosária Elena ter o governador de Rondônia no palanque dela, isso não será de grande peso ou a salvação da lavoura para convencer do eleitor como forte motivo para votar, porque Confúcio Moura (PMDB) é, em sua essência, municipalista. Nas prefeituras as quais ele não tem um pemedebista como prefeito não há diferença de tratamento das demais, é no caso da prefeitura de Ji-Paraná, que tem à frente Jesualdo Pires (PSB) que está na reeleição, e o volume de obra é muito grande. Ou seja, Confúcio moura tem demostrado, na prática, que o compromisso dele é com o povo, ainda mais que não está descartada a possibilidade de ele, daqui há dois anos, ser candidato a Senador e todo prefeito que o apoiar nesse projeto será bem-vindo.
Rosária Elena também não poderá mudar o discurso de elogios que faz em seu palanque sobre a administração do prefeito Alex Testoni. Poderá até não dizer mais nada, mas se o grupo dela criticar, cairá no descrédito.
Faltando praticamente uma semana para as eleições, o fato político que vai sobrevir até o dia 2 de outubro é a decisão do Alex de quebrar o silêncio para apoiar Vagno Panisoly. Se a febre desse advento se mantiver, o sentimento do eleitor, o de apostar no apoio do Alex para ver que bicho vai dar, levará grande vantagem na opção do eleitorado indeciso que é muito mais da metade da população.
De uma disputa chocha, raquítica e sem graça, a entrada de Alex como personagem coadjuvante da sucessão, torna a coisa interessante e pode ser usada com objeto de estudo de escolas de formação de Marketing Político sobre o poder da simplicidade num processo eleitoral.
Roberto Gutierrez é Jornalista e analista político.
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