Festas juninas, uma alegre tradição que pode virar dor de cabeça

Cristina Freitas – Chegou o meio do ano e também as festas juninas. Ô, época boa! Principalmente para as crianças, que ficam maravilhadas com toda a tradição, animação, o colorido das bandeirinhas, as roupas ‘da roça’, as comidas típicas, as quadrilhas. Mas a alegria da festa esconde um perigo: os artefatos que colorem o céu e animam os festejos também podem causar vários danos à saúde.

O número de acidentes causados por fogos de artifício, rojões e bombas triplica nessa época do ano. E as crianças e adolescentes são as principais vítimas, devido ao manuseio inadequado e indiscriminado de fogos, rojões e bombinhas. Queimaduras, comprometimento da visão, lesões motoras e perda auditiva são os traumas mais comuns.

Ninguém leva em conta o perigo, ao estar no meio da festa, mas o fato é que a intensidade do barulho dos fogos e rojões pode causar danos severos e irreversíveis à audição. Isso porque o estrondo da explosão dos fogos, principalmente dos rojões, é intenso e inesperado. O forte barulho, que pode chegar a intensidade de 140 decibéis, percorre todo o ouvido de forma rápida, podendo causar trauma acústico, com perda de audição unilateral ou bilateral, temporária ou permanente, para toda a vida.

“O ruído, fortíssimo, entra pelo conduto auditivo até chegar à cóclea, onde ficam as células ciliadas do ouvido, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo. Com a exposição intensa a altos volumes sonoros, em diversas situações, como essas, as células vão morrendo e, como não são regeneradas pelo organismo, a audição vai diminuindo de forma lenta, mas progressiva”, explica a fonoaudióloga Isabela Papera, da Telex Soluções Auditivas.

No caso das crianças, o dano auditivo pode não ser percebido de imediato pelos pais. Mesmo adolescentes ou adultos podem não levar a sério o incômodo nos ouvidos. Mas é bom ficar alerta. Os principais sintomas de que a audição foi prejudicada são a sensação de pressão ou ouvido tampado, dores de cabeça, zumbido nos ouvidos ou dificuldades para escutar e entender o que as pessoas falam.

Em crianças maiores, que já conseguem expressar em palavras o que sentem, os danos auditivos podem ser diagnosticados mais facilmente. Já as pequenas, que estão na primeira infância, com até três anos de idade, só conseguem manifestar o incômodo chorando. Seja como for, os pais devem estar atentos aos sinais, sempre que estiverem em ambientes barulhentos.

“O ideal é manter as crianças longe dos fogos, uma vez que o ruído – principalmente dos rojões – é extremamente danoso à audição, mesmo a uma distância superior a três metros de onde o artefato está sendo aceso. O limite seguro de exposição aos sons é 85 decibéis e no caso dos fogos o ruído pode chegar a bem mais que isso”, pontua a fonoaudióloga da Telex, que é especialista em audiologia.

Mas ninguém quer perder os festejos, não é mesmo? Para que você e as crianças possam curtir as festas juninas com segurança, enumeramos algumas dicas:

1 – Nunca deixe as crianças soltarem fogos de artifício. Esse tipo de material é muito perigoso e só deve ser manipulado por profissionais. É questão de segundos para que o acidente aconteça e as consequências podem ser graves;

2 – Não permita que as crianças fiquem perto de onde irá ocorrer a queima de fogos de artifício. Mas, se for inevitável, use protetores de ouvido. Eles reduzem o volume excessivo, embora quem use não deixe de ouvir o som ambiente;

3 – Em caso de acidente, leve a pessoa imediatamente ao pronto-socorro e, em caso de impacto sonoro muito forte, procure um médico otorrinolaringologista para avaliar se o dano auditivo causado é temporário ou irreversível;

4 – Oriente as crianças a terem cuidado com bombinhas e estalinhos. Não se deve estourá-los perto de outras pessoas ou de objetos que podem se quebrar e soltar estilhaços, nem perto de fogo ou de objetos inflamáveis. Também não se deve carregar esse tipo de objeto nos bolsos, pois eles podem acidentalmente explodir e provocar uma grave queimadura.

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