Ex-morador de Rondônia cria no Rio cinema que exibe somente filmes nacionais

PGN – Adailton Medeiros, de 56 anos, é apaixonado pela cultura. Desde a adolescência, ele participa de grupos de teatro, música e poesia – sem falar nos filmes que tanto gosta. Seu amor pela sétima arte, aliás, virou um negócio: o Ponto Cine, um cinema que exibe apenas filmes nacionais.

Guadalupe é um bairro da zona norte do município do Rio de Janeiro. Foi lá que Medeiros passou toda sua infância e se envolveu com diferentes grupos culturais. Ele afirma que, com nove anos, montou seu primeiro projetor. “Usei uma caixa de papelão e um monóculo”, diz.

Posteriormente, Medeiros voltou à zona norte do Rio e percebeu um “deserto cultural” na região em que morava. “Todos os cinemas que visitava quando era mais novo tinham fechado”, afirma o empresário.

Apesar de frustrado, o carioca demorou um tempo para tentar mudar essa situação. Foi trabalhar por alguns anos na Telecomunicações Aeronáuticas (Tasa). Até que, em 1995, pediu demissão. Com o dinheiro da demissão, Medeiros comprou seu próprio projetor.

No ano seguinte, com o equipamento, abriu a  Casa Artes de Anchieta, seu primeiro centro cultural. No entanto, o negócio não foi para a frente. “Os filmes eram muito ‘cabeça'”, afirma.

Em seguida, Medeiros criou um cinema itinerante. O projeto, só com filmes brasileiros, foi bem-sucedido. Algumas das exibições foram no Guadalupe Shopping, bairro do empresário, e chamaram atenção do dono do local, Ruy Paim. Foi ele quem convenceu Medeiros a abrir uma sala fixa no shopping, em 2006. Nascia ali, oficialmente, o Ponto Cine.

Naquela época, havia a promessa de que o Ponto Cine receberia investimentos externos. Mas Medeiros não conseguiu fechar os contratos e acabou desembolsando R$ 476 mil para tirar o projeto do papel.

Com o lema “arroz, feijão e cinema”, o projeto continua desde então, mas com um percalço significativo. Por falta de recursos, o Ponto Cine acabou fechando temporariamente, entre fevereiro e outubro do ano passado. A volta ocorreu com o auxílio do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, que injetaram recursos na empresa.

Segundo o dono do Ponto Cine, o foco nas produções brasileiras é um diferencial, mas também um ponto fraco, já que o público prefere filmes de outros países. “O filme brasileiro é considerado estrangeiro no próprio país”, afirma.

Quando é perguntado sobre planos para o futuro, Medeiros é sincero. “Quero continuar trabalhando”, diz o empresário.

Por Barbara Bastos

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