Roberto Gutierrez – O que você faria se estivesse filiado a um partido político na condição de pré-candidato a vereador, sendo que existem nesse partido cinco vereadores eleitos e que vão disputar reeleição, além dos demais concorrentes que querem uma das 17 vagas da Câmara de Vereadores de Ji-Paraná? Detalhe: esse partido só pode lançar 34 candidatos assim como os demais, não pode fazer coligação e tem que lançar no mínimo 30% de mulheres que queiram entrar na disputa, sendo que não pode substituir a falta de mulheres por candidatos homens. Para completar o desafio, a projeção otimista é de que esse partido, o MDB, conseguiria eleger no máximo quatro candidatos – isso a depender do desempenho dos concorrentes e da média de votos que todos esses partidos possam fazer!
Dilema
Este é o dilema vivido pelo arquiteto Edísio Barroso (MDB), que na última eleição, em 2018, obteve quase 700 votos. Ele está sofrendo grande pressão para não sair do MDB, recebe constantes convites para filiar-se a outros partidos e, cada convite, vem com um cálculo matemático sedutor de que uma das vagas de eleito, seria dele.
Edísio Barroso não está só nessa dúvida à lá tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, do monólogo escrito por William Shakespeare: “To be or not to be, that is the question” – “Ser ou não ser, eis a questão”. O rumo a ser tomado é dúvida na cabeça de muita gente que quer ingressar na política.
Em Ji-Paraná e nos demais municípios de Rondônia, assim como nas mais de cinco mil cidades brasileiras, essa matemática eleitoral está fundindo a cabeça de muita gente. As probabilidades devem ser medidas à razão de quanto votos posso obter, qual o cociente eleitoral, quantos votos o partido poderá somar e quantos vereadores poderá eleger – o resultado satisfatória é saber se você se encaixa entre os ocupantes dessas vagas ou dessa vaga.
17 vagas
Ji-Paraná tem 17 vagas de vereadores e, o cálculo mais otimista é de que cada partido precisa fazer pelo menos 3.700 votos para eleger um vereador. Num cálculo simples, cada um dos 34 candidatos a vereador teria que fazer, em média, 218 votos. Parece pouco, mas não é tarefa fácil conseguir candidatos com esse potencial médio de votação.
Até quando pode mudar?
A legislação eleitoral permite filiações e mudanças de partido no máximo seis meses antes da eleição, válido também, para tempo de domicílio eleitoral. Até lá, não só Edísio Barroso como milhares de pré-candidatos em todo o Brasil, terão que fazer muitas contas e torcer para ter feito a escolha certa. Este é o primeiro desafio – o segundo e mais importante, é convencer o eleitor a votar nesse ou naquele candidato.
Quem é Edísio Barroso
Uma vida de amor a Ji-Paraná
Há 83 anos chegava, ao que é hoje a cidade de Ji-Paraná, o seringalista nordestino Eduardo Barroso. Era o período de ouro da borracha- o látex extraído da seringueira – período marcado pela Segunda Guerra Mundial. Eduardo era casado com dona Raimunda Gomes Barroso. O casal teve 11 filhos, entre eles, Edísio Barroso, o quinto da lista na ordem de chegado ao mundo. Ele nasceu em 1959, em casa, nas mãos de uma parteira na Vila de Rondônia.
Há 83 anos chegava, ao que é hoje a cidade de Ji-Paraná, o seringalista nordestino Eduardo Barroso. Era o período de ouro da borracha- o látex extraído da seringueira – período marcado pela Segunda Guerra Mundial. Eduardo era casado com dona Raimunda Gomes Barroso. O casal teve 11 filhos, entre eles, Edísio Barroso, o quinto da lista na ordem de chegado ao mundo. Ele nasceu em 1959, em casa, nas mãos de uma parteira na Vila de Rondônia.
Numa narrativa emocionada, Edísio contou, com exclusividade à Folha de Rondônia News, um pouco dos desafios que a família viveu neste pedaço de Brasil onde o único meio de se chegar aqui, era através de embarcação pelo rio Machado, que ligava ao rio Madeira, ao rio Amazonas e ao oceano Atlântico, no porto de Belém do Pará – um portal de conexão para o resto do Brasil e o mundo. O seringal da Família ficava localizado no que é hoje a região do Riachuelo, fazendo divisa com as terras dos índios Araras, no igarapé Piranha. O local da sede desse antigo seringal pertence hoje ao empresário e pecuarista Mário Piloto.
Dos 11 irmãos de Edísio, restam sete. Os mais conhecidos que se foram eram Eduardo, o ‘Barra’, e Edmilson Barroso, advogado criminalista.
Formado em arquitetura, funcionário de carreira do INSS, hoje, aposentado, casado e pai de três filhos, Edísio disse que sua infância foi maravilhosa, e contou com carinho das lembranças que têm dos amigos, dos heróis anônimos que já se foram e ajudaram a fazer desse pedaço da Amazônia o que é hoje Ji-Paraná.
“Tudo o que eu tenho, minha identidade e meus ancestrais estão plantados nesta terra. Me tornar um vereador em Ji-Paraná, não se trataria de capricho, vaidade ou interesse econômico pessoal, mas poder ajudar a fazer da política local, o que ela é capaz de proporcionar para as pessoas – um olhar mais apurado na arte de legislar e poder assegurar avanços na qualidade de vida do nosso povo”.
Edísio disse que não é tarefa fácil vencer aos desafios da escolha partidária e que rumo tomar, mas, que fará escolha que o bom senso e o sentimento de sempre ter feito a coisa correta em sua vida.
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