Pais mataram bebê de um ano, conclui polícia

Pais mataram bebê de um ano, conclui polícia

Caso ocorreu no último dia 6, em Montes Claros. Menina foi encontrada morta em casa. Além das agressões, ela tinha sinais de abuso sexual, segundo a polícia

Estado de Minas

A Polícia Civil concluiu que um casal de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, matou a própria filha, de 1 ano e dois meses. O crime foi descoberto em 6 de julho no Bairro Santo Antônio. O resultado das investigações foi apresentado em uma entrevista coletiva nessa segunda-feira (26/7).

Na manhã daquele dia, ao perceber que a criança não tinha sinais vitais, o homem de 39 anos saiu de casa, tomou uma dose de cachaça em um bar e pegou um mototáxi para fugir. Como o Estado de Minas publicou em 7 de julho, ele foi localizado à noite perto da casa de parentes, no Bairro Monte Carmelo, após uma denúncia chegar à Polícia Militar (PM). O homem foi abordado na rua e resistiu à prisão. A mãe e uma irmã dele também chegaram a ser conduzidas à delegacia para averiguar se teriam facilitado a fuga, segundo a PM.

A mãe da bebê já havia sido detida durante o dia após a confirmação da morte da menina, uma vez que testemunhas relataram várias agressões dela contra a vítima. Ainda de acordo com a PM, o suspeito teria ido até a casa da mãe dele alegando que a menina estava morta. A mulher, então, pediu que o marido fosse até ao local para averiguar o que estava acontecendo. Quando ele chegou na casa, viu menina sem vida e chamou a mãe dela, que estava dormindo.
casal foi preso preventivamente na ocasião e negou o crime inicialmente. O corpo da criança tinha várias marcas de agressão e, além disso, era apurada a possibilidade de estupro.
Ontem, o delegado Bruno Rezende, titular da Delegacia Especializada de Homicídios de Montes Claros, informou que a necropsia indicou lesões nas costelas, rompimento da alça intestinal e dilaceração que é considerada um sinal característico de abuso sexual.
Da esquerda para a direita, os delegados Jurandir Rodrigues, chefe do 11º Departamento, Bruno Rezende, titular da Delegacia Especializada de Homicídios de Montes Claros, e Herivelton Ruas Santana, delegado Regional em Montes Claros, em entrevista coletiva nessa segunda (26/7) (foto: Polícia Civil/Divulgação)

Assassinato

O casal tem outros três filhos e todos eram constantemente agredidos por motivos banais. Um deles chegou a relatar à polícia em depoimento que não sabia se os pais gostavam dele diante de tanta violência. A Polícia Civil também apurou que o casal costumava deixar os meninos sozinhos em casa ou com outras pessoas e saíam para usar drogas.
A família dormia em duas camas colocadas em um quarto. De acordo com o delegado, na madrugada do crime, a menina não queria dormir e, por causa disso, a mãe deu tapas e murros nela. A mulher assumiu as agressões. Ela ainda disse que o companheiro deu um soco na menina e, de acordo com a Polícia Civil, também afirmou ter visto movimentos embaixo da colcha que poderiam indicar um abuso sexual. O pai negou as acusações e disse apenas ter visto a mãe bater na criança.
Considerando que os pais têm a obrigação legal de proteger as crianças e a família, a omissão de ambos levou a esse desfecho, conforme o delegado. “O pai alega que viu a criança sendo agredida várias vezes pela mãe; a mãe informa que viu o pai agredir a criança e observou movimentos que poderiam implicar em violência sexual. Eles escolheram, deliberadamente, não adotar nenhuma providência em relação ao outro”, enfatizou Rezende, que também descartou  a participação de uma terceira pessoa no crime, já que somente os pais e irmãos tiveram acesso à menina no dia da morte.

Criança sequer tinha registro

Reforçando a omissão dos pais em relação à criança, o delegado Bruno Rezende contou na coletiva que várias instituições precisaram se mobilizar para que o óbito da menina fosse declarado, porque ela não tinha registro civil.
“Foi preciso, inclusive, trazer o pai do presídio de Bocaiúva para Montes Claros para que ele pudesse assinar os trâmites no Cartório de Registro Civil, a gente pudesse iniciar o protocolo de registrar a criança, consequentemente, declarar o óbito e, a partir disso, a família poder ter os cuidados com sepultamento, inumação e velório. Então, além de todo o desfecho trágico do caso, houve a necessidade de se adotar essas providências e diversas pessoas atuaram para isso, socialmente falando”, informou

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Indiciamento

De acordo com a Polícia Civil, o casal foi indiciado por homicídio qualificado, abandono de incapaz e maus tratos. O homem vai responder também por estupro de vulnerável.
A mulher já tem passagens pela polícia por tráfico de drogas, receptação e abandono de incapaz. Já o pai tem condenação por estupro de vulnerável, além de passagens por ameaça, lesão corporal, dano, roubo e homicídio.

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