A Fiocruz precisou gastar R$ 500 mil adiantados a uma companhia para realizar o voo, que acabou não trazendo as vacinas ao Brasil.
O Itamaraty negociou em sigilo com o Ministério das Relações Exteriores da Índia a entrega de 2 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 em janeiro deste ano. A operação foi feita sem que o Ministério da Saúde tivesse conhecimento, pois a pasta já estava na segunda tentativa de buscar os imunizantes e ainda não havia conseguido.
As informações foram reveladas por uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que apurou que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil ainda pagou apenas 10% do valor que o Ministério da Saúde gastaria com a mesma operação, que gerou um prejuízo de R$ 500 mil para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Essa operação tinha com finalidade vacinar primeiro que o governo de São Paulo.
À época chefiado pelo ministro general da ativa Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde pretendia buscar na Índia 2 milhões de doses de vacinas já negociadas com o país, na tentativa do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de se antecipar ao governador de São Paulo João Doria (PSDB), que já começava a planejar o início da vacinação em São Paulo com doses da Coronavac, numa parceria do Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Pazuello determinou à Fiocruz que fretasse um avião para buscar as vacinas na Índia em 16 de janeiro, e ao mesmo tempo negociou com a companhia aérea Azul um outro voo para buscar as mesmas vacinas.
Em 9 de janeiro, Bolsonaro havia enviado uma carta ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, “recordando a importância do prazo do dia 20”, mas o ministério indiano disse “não poder se comprometer ainda com datas”.
Ainda assim, o Ministério da Saúde determinou que a Fiocruz fretasse um avião para buscar os imunizantes, e a entidade precisou gastar R$ 500 mil adiantados a uma companhia para realizar o voo, que acabou não trazendo as vacinas ao Brasil.
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