Em troca, Luiz Carlos Santos traz cinco caminhonetes e um milhão de sementes de café clonado.
Carlos Macena – Para se ter uma ideia do que o espera, é bom que os números falem por si: no Censo Agropecuário feito pelo IBGE em 2006, havia em Rolim de Moura apenas 1.675 pequenas propriedades rurais dedicadas à agricultura familiar, e a população era de 18.775 pessoas.
Hoje, segundo as tabelas SIDRA do instituto, a população ultrapassa 56.210 habitantes, o PIB anual está acima de R$ 28.500,00 e a capital da Zona da Mata espelha a prosperidade que esteve ameaçada nos últimos dez anos por todo tipo de inimigo – uma hora era o leite argentino mais barato que o da bacia local, o que quase faliu a Cooperolim, outra hora eram as pragas que devastavam os tomates em Alto Alegre dos Parecis – apesar disso, o café e a soja seguem como os motores de popa da expansão agrícola em todas as cidades-satélite – de Parecis a Primavera, de Migrantinópolis a Santa Luzia, enquanto milho, feijão e horticultura permanecem como culturas de rotação, destinadas no máximo à manutenção das famílias.
Luiz Carlos Santos diz que tem um milhão de sementes selecionadas de café arábica e cinco novas caminhonetes para atender às unidades avançadas da entidade pela qual responde. Serviço é o que não vai faltar. O ex-deputado federal e ex-secretário de Estado da Agricultura e Pecuária na extinta era Cassol está de novo em casa. Apesar dos chupins que desde a SEAPES, na demolida Esplanada das Secretarias, não lhe largam o cocuruto nem pra dormir, Luiz Carlos soube impor sua simplicidade com eficácia e deixou o governo com números dignos de mérito e orgulho.
Cabe, contudo, perguntar: passado o “inverno”, o que será dos consórcios iFPA (integração Floresta, Pecuária e Agricultura)? Terá ele tempo o suficiente para colher êxitos que o reconduzam em outubro a funções mais elevadas, como as que já desempenhou? Os próximos noventa dias o irão dizer.
Só alguns dados finais, para nos fazer pensar: entre 2014 e 2024, Rondônia exportou entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2,6 bilhões/ano em produtos agrossilvopastoris. O valor mais recente, em 2024, bate em US$ 2,638 bilhões, consolidando o estado como o segundo maior exportador da região Norte. São mais de R$ 14,425 bilhões que circularam na economia, alguém viu?
Rondônia consolidou-se como produtor de Coffea canephora (robusta/conilon). Em 2024, o estado colheu cerca de 3,2 milhões de sacas. Rolim de Moura e Alta Floresta tiveram expansão contínua, com ganhos de produtividade.
Como o Brasil produziu 114,9 milhões de toneladas de milho, em Rondônia, de novo Rolim de Moura liderou e Alto Alegre dos Parecis a secundou: ampliaram (!) a área cultivada, mas com resultados oscilantes convenientemente atribuíveis ao clima.
ENTORNOU O CALDO
No contraponto, coa um café e escuta essa: em 1974, 1975 e 1976, o IBGE cravou que a área plantada pela agricultura familiar em Rolim de Moura chegara a 12.520, subira para 15.500 e alcançara 18.800 hectares. Quase cinquenta anos depois, os números de 2022, 2023 e 2024 são, respectivamente, 1.709, 1.743 e 1.741 hectares colhidos em lavouras permanentes a cargo da agricultura familiar. Haja semente, caminhonete e coragem.
Fonte: https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1613
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