O estudo batizado de ReAnima Project é considerado um teste de conceito – basicamente, uma prova para verificar se a hipótese teórica dos cientistas está correta. Os pesquisadores já receberam autorização de parentes dos 20 pacientes que passarão pelo tratamento, e todo o processo será realizado no hospital de Anupam, na Índia.
Os participantes foram escolhidos obedecendo a alguns critérios. Em primeiro lugar, tinham que ser pessoas com diagnóstico de morte cerebral por lesão traumática no cérebro. Depois, não podiam ter manifestado intenção de serem doadores de órgãos em vida. Mulheres grávidas foram excluídas da escolha.
“Estamos muito animados com a aprovação do nosso protocolo. Com a convergência das disciplinas da biologia regenerativa, da neurociência cognitiva e da ressuscitação clínica, estamos prontos para mergulhar em uma área do entendimento científico que, antes, era inacessível”, comenta Ira Pastor, CEO da Bioquark Inc., empresa responsável pelo projeto.
Antes que se comece a pensar em “Frankensteins” e zumbis, Pastor explica que, em princípio, nenhum dos participantes sairá caminhando e dançando de suas macas ao fim do experimento. A meta dos cientistas, por enquanto, é somente fazer com que os cérebros dessas pessoas, que estão sendo mantidas vivas por meio de aparelhos, volte a executar algumas funções básicas do organismo, como a respiração e os batimentos cardíacos.
Tecnicamente, a morte é definida como o fim de todas as funções biológicas que sustentam um organismo vivo. A morte cerebral é a perda completa e irreversível das funções cerebrais, incluindo as atividades involuntárias necessárias para a manutenção da vida.
Os seres humanos não têm, de forma natural, capacidades regenerativas substanciais em seu sistema nervoso central. Mas outras espécies, como anfíbios, planárias e alguns tipos de peixes, conseguem reparar, regenerar e remodelar partes significativas de seus cérebros e de seus troncos cerebrais depois de um trauma que coloque em xeque suas vidas. Foi nessas capacidades que os cientistas basearam seu método (veja infográfico) para tentar reanimar seres humanos. Os cientistas pretendem ver os primeiros resultados em cerca de três meses.
Conflito
Doação de órgãos. Para doar, também é preciso ter a morte cerebral declarada. Para não competir com pacientes de transplantes, os participantes da pesquisa já eram não-doadores declarados.
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