Marcos Locks, do Repórter RO – A Polícia Civil de Ji-Paraná organizou na tarde desta 3ª feira (14), por volta das 17 horas, na sede da 2ª DPC, no Segundo Distrito, uma entrevista coletiva à Imprensa para explicar detalhes da Operação Assepsia, deflagrada no amanhecer desta nesta mesma terça. O fato foi amplamente divulgado nos meios de comunicação e ganhou grande repercussão na cidade e em todo o estado. A entrevista coletiva foi conduzida pelos delegados Cristiano Matos e Júlio César Rios e também pelo promotor de Justiça, Pedro Wagner Almeida Pereira Júnior.
A ação policial repercutiu porque foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra integrantes da atual diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais de Ji-Paraná (Sindisem), incluindo o seu presidente, Geraldo Martins de Souza. Também foi detido em sua residência o diretor de Arrecadação da Prefeitura de Ji-Paraná, Joseph Newton Fernandes Rabelo, tido pela Polícia como o líder do grupo. Todos eles, de acordo com a Polícia, integravam uma organização criminosa que teria, a partir de manobras fraudulentas e desvios de recursos, em dois anos de atuação, causado um prejuízo de R$ 500 mil ao Sindsem. As nove pessoas ficarão presas por pelo menos cinco dias, período que poderá ser estendido se a houver determinação da Justiça.
A operação foi determinada pela direção geral da Polícia Civil, em Porto, Velho e pelo delegado regional, Alexandre Árabe, após oito meses de intensas investigações e que designou as equipes de Ji-Paraná para executar as prisões e buscas.
O LÍDER DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
O Delegado Cristiano foi o primeiro a se manifestar aos jornalistas. Ele reiterou que esta é uma operação grande e que envolveu cerca de 52 policiais, durante muitos meses de dedicação ao caso. As investigações, segundo ele, indicam um desvio de prováveis R$ 500 mil por um grupo que cometeu vários crimes na gestão do sindicato, como associação criminosa (formação de quadrilha), peculato (desvio e roubo de dinheiro públicos), emissão de nota frias, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e até de extorsão (concussão).
Para a Polícia não há a menor dúvida de que o esquema era chefiado por Joseph Rabelo, o diretor da Prefeitura de Ji-Paraná. “Ficou claro durante as nossa diligências que o Joseph, apesar de não ocupar cargo na diretoria, comandava o sindicato. Nada era feito lá sem o conhecimento dele (…) Ficou bem clara a função de cada um e a forma hierárquica como atuavam”, afirmou o delegado Cristiano. Ele explicou que o grupo passou a cometer delitos no momento em que o Sindsem, em meados de 2015, começou a receber alvarás judiciais de grande vulto, da ordem de R$ 190 mil e de R$ 300 mil.
A CONIVÊNCIA DO PRESIDENTE
O trabalho investigativo também concluiu que, Geraldo de Souza, o presidente da entidade, Geraldo Martins de Souza, manipulava documentos e valores monetários de acordo com as orientações de Joseph. Desta triangulação também participariam o tesoureiro Almir do Nascimento Soares e Edilson Gonçalves de Araújo, além de Walter Louback. As esposas de Joseph, Adricia Pereira; de Geraldo, Rosângela Calderari; de Walter Loubak, Inês Loubak; também contribuíram para manter o esquema criminoso. Por isso, também foram presas.
O MODUS OPERANDI
“Eles atuavam na cara dura, usando muitas notas frias. Para se ter uma ideia do que eles faziam, foi transferido a importância de R$ 100 mil para o contador e a justificativa apresentada é que foi por uma assessoria prestada. Nossa investigação apurou que isto não aconteceu e a nota emitida em troca do pagamento foi fria. Não houve nenhuma prestação extraordinária de serviços que justificasse um valor tão alto. Mas eles não pararam por aí, não. Depois disso, teve muitos outros desvios comprovados. (…) Só na conta do Joseph foi localizada a importância de R$ 400 mil”,frisou o delegado Cristiano. “Tenho certeza que haverá muitos outros desdobramentos nesta operação. Esta é só a pontinha do iceberg”, alinhavou.
SUPERFATURAMENTO
O delegado Júlio César Rios revelou que, entre as muitas irregularidades encontradas, estão a aquisição de cadeiras de escritório por R$ 1.300,00 e que o carro do Sindicato estava, na hora da prisão, na casa do presidente Geraldo de Souza. Ele informou também que todas as contas bancárias dos nove envolvidos foram bloqueadas para movimentações em todo o Brasil.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Já o promotor Pedro Wagner acrescentou que também estão sendo averiguados, ainda, se os envolvidos cometeram delitos em sua atividade pública ou mesmo ligadas ao sindicato, o que pode gerar ações de improbidade administrativa. “Ainda não temos uma visão plena de tudo o que foi amealhado e, por isso, os desdobramentos deste caso dependem ainda da análise criteriosa de mais fatos que forem sendo levantados no curso das novas investigações”, acrescentou. “Caberá aos demais membros da diretoria e também aos associados debater esta situação internamente para saber como conduzir a situação no sindicato a partir de agora que estes fatos lamentáveis vieram à tona, gerando a prisão, inclusive do presidente da entidade”, concluiu.
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