Pacientes podem ficar sem insulina

Os pacientes medicados com insulina podem ficar sem o remédio oferecido por meio do programa do Governo Federal Aqui Tem Farmácia Popular. O Ministério da Saúde fez a revisão dos preços dos fármacos oferecidos para a população e diminuiu o valor de referência de 18 medicamentos, que também podem sumir das prateleiras das drogarias. O preço da insulina sofreu o maior impacto com redução em 17%, inviabilizando seu fornecimento pela cadeia farmacêutica.

Luiz Carlos Silveira Monteiro, presidente da ePharma, aponta que o ato do Ministério da Saúde contribui para o desmonte do programa. “O Aqui tem Farmácia Popular é exitoso sob todos os aspectos desde sua criação. Pelo menos os portadores de algumas doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, tinham acesso fácil e de qualidade pelo programa. Viabilizado a partir de uma rara parceria público-privada, os medicamentos prescritos por médicos eram dispensados pelas farmácias privadas”, explica o executivo.

As medidas adotadas pelo Ministério da Saúde trarão repercussões em outros setores da saúde. “Com o provável desmonte, voltaremos a ver o crescimento dos custos com internações e demais complicações referentes às doenças crônicas, que registraram queda nos últimos anos”, aponta o Monteiro.

Segundo o estudo “Efeitos do copagamento de medicamentos sobre saúde no Brasil: evidências do programa Aqui Tem Farmácia Popular”, do economista e professor da PUC-RJ, Pedro Américo Ferreira, para cada R$ 1 gasto no Farmácia Popular, o governo economiza R$ 16 com internações. A pesquisa mostra ainda que o programa impactou na queda das taxas de mortalidade e probabilidade de morte dos internados para doenças agudas, que são agravadas na presença de diabetes e hipertensão, como isquemias do coração e doenças cerebrovasculares.

Para o presidente da ePharma, o sucesso do projeto está diretamente relacionado com a sua formatação. Segundo ele, diferente de outros programas da União, o Farmácia Popular baseou-se num fato simples: ao invés de comprar de forma centralizada, distribuir e dispensar por meio de unidades próprias, caras e ineficazes, o programa utilizava os medicamentos já existentes nas farmácias credenciadas e ressarcia as vendas por valores acordados e pré-fixados pelo próprio Ministério. “Ancorado por um sistema autorizador eletrônico, o modelo foi testado ao longo dos anos e teve sua integridade e eficácia comprovadas”, aponta Monteiro.

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