Os Estados Unidos e o Canadá são os países com a visão de nacionalidade mais inclusiva. Oito em cada dez norte-americanos (78%) acreditam que um imigrante com cidadania é um cidadão “real” do país. No Canadá, 68% possuem a mesma opinião. Globalmente, o índice é bem menor do que nas duas nações: 48%. Os dados são da pesquisa Global Advisor da Ipsos, que entrevistou 20,7 mil pessoas em 27 países, incluindo o Brasil, entre os dias 20 de abril e 4 de maio. A margem de erro para o Brasil é de 3,1 pontos percentuais.
O resultado nos Estados Unidos contrasta com a política de imigração do presidente Donald Trump, que ganhou a atenção do mundo todo na última semana com as notícias de separação de pais e filhos que atravessam a fronteira sem todos os documentos requeridos. No início de maio, Trump determinou que todos os adultos que entrassem no país sem visto fossem processados criminalmente. Eles começaram a ser enviados para presídios federais, onde crianças não são aceitas.
“A eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, com seu programa isolacionista e suas numerosas declarações polêmicas, pode parecer incompatível com o caráter inclusivo, ou tolerante, da sociedade estadunidense, ilustrada pela nossa pesquisa. Porém, é importante lembrar que Trump não ganhou no voto popular, e que quem votou nele não necessariamente o fez pensando na questão da imigração (o que mais mobilizou foi ver no Trump uma solução diante de um sistema percebido como quebrado). Assim, esses resultados podem até ser lidos como uma consequência, ou uma resposta da sociedade estadunidense às medidas e posições tomadas por Trump no campo social, e da imigração em específico, desde sua eleição”, comenta a gerente de atendimento da Ipsos Public Affairs, Marie Vialle Marchiori.
Austrália (68%), México (64%) e Chile (63%) completam o ranking dos cinco primeiros países que têm uma visão mais inclusiva de nacionalidade. O Brasil está abaixo da média global – 46% dos entrevistados consideram um imigrante com cidadania como um cidadão “real”.
Por outro lado, 57% dos entrevistados da Malásia não consideram como um cidadão “real” um imigrante com cidadania. Hungria (54%), Sérvia (51%), Turquia (50%) e Polônia (47%) também fazem parte deste grupo.
Imigrante sem cidadania
Imigrantes não documentados que viveram a maioria da vida em um determinado país são considerados cidadãos reais por apenas 19% dos entrevistados globalmente. O México é a nação com o índice mais alto: 45%. Nos Estados Unidos, a taxa de aceitação é de 28%, e, no Brasil, é de 23%.
A Malásia possui a maior rejeição para o tema: oito em cada dez (80%) afirmaram que um imigrante ilegal que viveu a maioria da vida no país não é um verdadeiro cidadão. Completam o ranking dos países com maior rejeição: Hungria (71%), África do Sul (68%) e empatados Itália (64%), Rússia (64%) e Turquia (64%).
Nos 27 países pesquisados, 58% veem os filhos de imigrantes nascidos e criados localmente como cidadãos “reais”, enquanto 21% dizem que são “não reais” e outros 21% não têm certeza. Neste quesito, o Brasil apresenta resultado acima da média global, com 67%.
“O Brasil é um país muito miscigenado, raros são os brasileiros que não conseguem citar origens de outros países. Ou seja, uma pessoa que nasceu e cresceu no Brasil, independente da origem dos pais, será considerada brasileira”, afirma Marie.
Emprego
Globalmente, mais da metade dos entrevistados (52%) acredita que um imigrante com cidadania e que possui um emprego é um verdadeiro cidadão do seu país. O índice chega a 79% nos Estados Unidos e a 72% no Canadá e Austrália. O resultado no Brasil ficou bem perto da média global: 49%.
Entretanto, o imigrante com cidadania que não possui emprego não é considerado um cidadão de verdade do país por 68% dos entrevistados na Malásia. A Hungria também possui um índice alto, de 65%.
Cerca de dois terços dos entrevistados nos Estados Unidos (64%) acreditam que mesmo sem ter emprego, o imigrante com cidadania é um cidadão “real” do país.
Fluência no idioma
Os conhecimentos sobre o idioma falado no país mudam a percepção sobre os imigrantes. Para 54% dos entrevistados globalmente, o imigrante com cidadania que tem fluência na língua é considerado um verdadeiro cidadão do país. Por outro lado, quem não possui conhecimentos no idioma é considerado um cidadão real por apenas 32% no mundo.
Metade dos brasileiros (48%) acredita que um imigrante com cidadania que possui fluência na língua é um verdadeiro cidadão. Mas, quando o conhecimento no idioma não é fluente somente 29% afirmam que o cidadão é “real”.
Sobre a Ipsos
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