“Epidemia de crack” eleva número de doentes mentais

Carlos Araújo – O Brasil enfrenta sérios problemas para atender sua população com problemas mentais sem uma rede estruturada para internações e a situação vai se agravando com a verdadeira epidemia de crack que avança pelo País. Essas foram algumas das conclusões das palestras e do debate realizados durante o Forum de Urgência e Emergência em Psiquiatria, realizado pelo Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero), nesta sexta-feira, dia 10.  O palestrante, médico psiquiatra e professor Juberty Antonio de Souza, disse que o Brasil é um dos países que menos investe no tratamento das doenças mentais.

Uma das conseqüências perversas dessa política – explicou Juberty de Souza – é que ao invés de ser submetido a tratamento em locais apropriados, existem cerca de 50 mil doentes mentais recolhidos ao sistema penitenciário, que já não acomoda a contento os outros tipos de criminosos. Enquanto isso, alerta o professor, o Governo do Brasil fechou nos últimos 20 anos, cerca de 80 mil leitos para internação psiquiátrica, numa ação que ele define como criminosa em relação àquelas pessoas que precisam de cuidados com a saúde mental.

“Como o Governo fechou os hospitais, os doentes mentais estão jogados pelas ruas, estão sob os cuidados das famílias – que nem sempre tem como ou sabe como lidar com este tipo de situação – ou nos presídios”, denunciou o psiquiatra, que há 35 anos atua no ramo e vê com tristeza e preocupação essa política de Governo para com os doentes mentais.

Na primeira parte da palestra, durante toda a manhã de sexta-feira, Juberty prendeu a atenção de médicos, psicólogos, terapeutas e acadêmicos de medicina com muitas informações sobre psiquiatria, a incidência do problema no Brasil e como os profissionais devem atuar em meio a todo esse caos oficial.

Na segunda etapa da palestra, Juberty Antônio de Souza abriu sua fala afirmando que “o ser humano não consegue conviver com a dúvida”, para introduzir o assunto depressão e condutas suicidas, advertindo que os suicídios devem ser prevenidos sim. Depois abordou os riscos e os fatores que podem ser vistos como proteção contra o suicídio: filhos, senso de responsabilidade para com outros, gravidez, religiosidade, satisfação com a vida, apoio social e relacionamento terapêutico.

O Forum de Urgência e Emergência em Psiquiatria, realizado pelo Cremero, abordou ainda conseqüências psicossociais, uso de drogas, fármaco-dependência e as melhores formas de conduzir o tratamento de reabilitação de narcodependentes.

Ao final das palestras, realizou-se mesa redonda, presidida pela promotora de Justiça Priscila Matzenbacher Machado e composta ainda pelo secretário-geral adjunto da seccional Rondônia a OAB, Walter Gustavo Lemos, que interagiram com o público presente, esclarecendo dúvidas principalmente da área jurídica quanto aos temas apresentados durante o dia.

O próximo módulo do Curso de Educação Médica Continuada oferecido pelo Conselho Regional de Medicina de Rondônia acontece no próximo dia 25 (sexta-feira da próxima semana) quando será realizado o Forum de Urgência e Emergência em Ginecologia e Obstetrícia, com palestras apresentadas pelo professor doutor Eduardo Borges da Fonseca.

Curriculum do palestrante

Juberty Antonio de Souza é médico pela Universidade Estadual de Mato Grosso em 1978; especialista em Psiquiatria pela ABP; especialização em Epidemiologia pela FIOCRUZ; mestrado em Saúde Coletiva pela Fiocruz; doutorado em Ciências da Saúde pela UNB; membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do CFM; conselheiro do CRM-MS; Conselheiro do CEAD-MS; professor adjunto da FAMED da UFMS.

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