Ji-Paraná dá adeus a Roberto Jotão Geraldo que morre aos 84 anos

Parte de uma história de Rondônia fecha um ciclo com a morte de Roberto João Geraldo, que ajudou a construir Ji-Paraná dede a década de 1960. A morte dele aconteceu em casa por insuficiência respiratória.

Da redação – Roberto Gutierrez – Roberto Jotão Geraldo acordou às 4 horas da madrugada desta sexta-feira/24/03. Era uma prática normal que fazia três vezes por semana. Por conta da falência dos rins há oito anos, ele tinha que filtrar o sangue em sessões de hemodiálise. Um pouco depois de acordar, ele sentiu fraqueza nas pernas e foi socorrido pela esposa, Maria Ivanilde Geraldo, a Roxa. A fraqueza nas perna foi seguida pela falta de ar. O corpo de bombeiros foi acionado que tentou reanimá-lo. Jotão morreu de insuficiência respiratória em casa, como era do desejo dele.

O velório do primeiro prefeito-eleito de Ji-Paraná está acontecendo na Câmara dos Vereadores de Ji-Paraná, Palácio Abel Neves, cujo nome é do primeiro administrador distrital da Vila de Rondônia em 1971. O enterro está programado para acontecer neste sábado 25/03 às 14 horas. Jotão deixa a mulher Roxa, os filhos Roberto, Vera Lúcia, Jussara, Márcia, Júlio Cesar e Wuangles, além de oito netos, seis bisnetos e três tataranetos.

Em fevereiro de 2017, uma trombose nas duas pernas levou Jotão a ser internado em uma UTI do Hospital Nove de Julho, em Porto Velho.

Pioneiro

O ano era 1963 quando o jovem Roberto Jotão Geraldo resolveu encarar, de caminhão, a BR-29  rumo a Porto Velho e Rio Branco. Ele estava carregado com mercadorias e as vendia diretamente ao insipiente comércio em localidades como Vilhena, Pimenta Bueno, Vila de Rondônia, Seringal 70 (Jaru), Ariquemes e Porto Velho. Na época todos os rios largos não tinham ponte – era balsa, e a estrada era de terra desde de Campo Grande – hoje, Mato Grosso do Sul.

Em 1966 Roberto Jotão resolveu trazer a família para morar na Vila de Rondônia. Ele passou a morar onde hoje está situado o Corpo de Bombeiros de Ji-Paraná, às margens do rio Machado. De um jeito improvisado, ele vendia óleo diesel e gasolina estocado em tambores de 200 litros. Esse lugar ficava onde passava a estrada velha (BR-29). quando da construção da ponte, inaugurada em novembro de 1971, aí teve início também a avenida que mais tarde se passou a chamar Transcontinental.

Um ano antes anos de a BR-29 passar a se chamar BR-364,  ele montou um posto de combustíveis onde hoje é a Vila Jotão. Ele instalou o primeiro motor de energia elétrica na localidade e fornecia energia para algumas famílias.

Onde hoje é o Ceeja, Jotão construiu, por conta própria, a primeira escola do setor onde mais tarde se passou a chamar segundo distrito de Ji-Paraná. Essa escola acabou sendo transferida  para a rua T-01 e por muitos anos se chamou Júlio Guerra até virar escola militarizada.

Jotão se tornou uma das pessoas mais conhecidas e populares da época. Tanto, que em 1982, já filiado ao PDS, extinta ARENA – partido de Direita, saiu candidato a prefeito tendo Valdemar Camata como vice. Esse processo eleitoral permitia que um mesmo partido poderia lançar até três candidatos a prefeito. Assim foram candidatos pelo PDS Roberto, Demétrio  Bidá e Flávio do Incra. Jotão foi o mais votado dos três e a soma do voto do trio superou a votação de José Viana (MDB), o mais votado dessa eleição, mas, devido ao modelo eleitoral, não se elegeu.

Na condição de prefeito, com mandato de seis anos, Jotão construiu mais de mil quilômetros de estradas, construiu 74 escolas, abriu dezenas de ruas e bairros. Era Ji-Paraná que recém havia saído da condição de vila para se tornar a segunda maior cidade de Rondônia.

Três anos antes dessas eleições acontecerem, Jotão, ao lado de  Luiz Bernardi e Alcides Paio (in memoriam) fundaram a Rádio Alvorada de Rondônia – foi o ápice da comunicação da época que pela primeira vez, os acontecimentos locais e regionais ganham espaço para ser notícia.

Anos mais tarde, Jotão voltou à Política na condição de vice-prefeito elegendo-se ao lado do promotor de Justiça Ildemal Kussler.

Jotão tinha uma empresa de transporte fluvial de combustível  que atende no Rio Guaporé de Porto Rolim a Costa Marques. No ano passado ele construiu um barco e comemorava esse feito aos 83 anos de idade.

A Folha de Rondônia News une-se aos milhares de votos de solidariedade cristã no último adeus a esse cidadão de Rondônia com uma história de vida que se mistura com os grandes acontecimento da história de Rondônia da era da colonização, desejando à família nossos pesares por tão significante perda.

Curiosidade

O falecido jornalista (jornal Alto Madeira), Vinícius Danin contava: “Eu não o conhecia e muita gente só falava mal, que ele era grandão e desordeiro” (na época não havia telefone na Vila, e um carro levava até uma semana até Porto Velho). “Eu batia forte – dizia Danin – e uma tarde estava sozinho na redação, quando apareceu um cara muito forte e alto, dizendo: “Boa tarde, eu sou o Jotão. O que o senhor tem contra mim?”. Danin: “Tremi nas bases, mas ao fim ficamos amigos” (o jornalista João Tavares, já falecido, contava: “O Danin tremeu quase uma semana”).  A narrativa desse acontecimento é do Jornalista Lúcio Albuquerque.

Confúcio

O senador Confúcio Moura, que esteve no velório de Jotão, disse que Rondônia perde um grande homem que deu uma contribuição importante para que nossa Ji-Paraná seja o que é hoje.

Acir Gurgacz

O ex-senador Acir Gurgacz manifestou o sentimento, de tristeza em nome de sua família com a perda do amigo. Disse que todos nós perdemos um pouco com a partida de Jotão que, soube como poucos servir ao próximo.

Cláudia de Jesus

A deputada Estadual Cláudia de Jesus disse que se sente honrada em viver num tempo que pode acompanhar, desde criança, a dedicação de homens como Roberto Jotão Geraldo, que marca sua passagem na história e fazem a diferença em sua passagem por esta vida. Meus sentimentos e minha solidariedade à família por esse momento de dor.

Ildemar Kussler

Manifesto meu sentimento de pesar pelo falecimento de Roberto Jotão Geraldo, ex-prefeito de Ji-Paraná. Pioneiro de Vila de Rondônia, Jotão construiu uma história de muito trabalho nas áreas pública e privada, digna de todo nosso reconhecimento. Minhas condolências aos amigos e família.

Valdir Raupp

O ex-senador Valdir Raupp lembrou com carinho que, quando prefeito, Roberto Jotão votou nele (Valdir) para presidir a Associação dos Municípios em 1985. “Era um grande homem e todos sentimos com sua partida. Que Deus conforte toda a família”.

1 Comentário

  1. Saudades e pouca dessa pessoa que quando cheguei a ji Paraná conhece no posto vitória do dois de abril.veio ele com aquele tamanho de pessoa me comprimentos e falou vc não e daqui. Falei a ele cheguei a poucos dias sou do espírito santo. Ele me disse seja bem vindo.

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*