Baixaria”, que o deprimente debate de ontem entre Dilma Rousseff e Aécio Neves transformou em Palavra da Semana, é um brasileirismo, ou seja, um vocábulo nascido aqui e restrito ao português falado em nosso país. Isso não quer dizer que aquilo que nomeia só exista no Brasil, é claro. O país poderá no máximo reivindicar, após o vale-tudo de 2014, amplificado como farsa nas redes sociais, a liderança mundial da baixaria em campanhas eleitorais para a presidência da República. O que, se pensarmos bem, não é pouco.
Termo dicionarizado, mas marcado pela rubrica “informal”, o substantivo “baixaria” é formado pela junção de “baixo” (do latim tardio bassus) com o sufixo “-aria”, indicativo de “prática” e também de “coletivo”, duas ideias que se conjugam na palavra.
São dois os núcleos de sentido do termo. No vocabulário dos músicos quer dizer conjunto de sons graves, em especial aqueles produzidos por instrumentos de cordas, o que não vem ao caso aqui. Na linguagem comum, é uma espécie de palavra-ônibus com uma série de aplicações ligadas à grosseria, à deselegância e à canalhice.
No último campo, o “Dicionário de Usos do Português do Brasil”, de Francisco S. Borba, registra duas acepções: “fala grosseira, agressiva e deselegante”; “comportamento ignóbil e escandaloso”. O Houaiss prefere resumir tudo numa acepção elástica e eloquente: “pessoa, coisa, ação ou circunstância grosseira, má, desagradável, antissocial, violenta, ordinária etc.; baixo-astral”.
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