CPMI do INSS tende a esfriar porque a meleca atingiu o ventilador

Com tantos graúdos já sob investigação ou convocados, os parlamentares mais “justiceiros” podem ver menos motivo para continuar esticando a corda.

Roberto Gutierrez – A tendência é clara: depois da operação da Polícia Federal que varreu meio mundo, a CPMI do INSS deve perder pressão. Quando ex-presidentes do INSS da era Bolsonaro e um do Lula, vão parar na mira, quando ex-ministro do Trabalho de Bolsonaro entra no pacote, quando o “Careca do INSS” abre o bico e mais um punhado de envolvidos começa a bater na porta oferecendo delação premiada, o ímpeto dos parlamentares justiceiros diminui. Ninguém quer ser o próximo a virar réu de carnaval fora de época.

 

Cargos na mesa de negociação

Enquanto isso, governo e Centrão seguem no jogo que realmente importa em Brasília: a negociação fina da governabilidade. Distribuição de cargos no CAD, no Banco do Nordeste, diretorias da Caixa… tudo fazendo parte da dança.

 

Jogo pesado

O governo busca uma trégua para tocar a vida: aprovar pautas econômicas, reorganizar a base e, de quebra, garantir força política suficiente para emplacar sua indicação ao STF. O Centrão, como sempre, fareja espaço — é sua natureza.

 

Todos se entendem

No fim das contas, é a velha política em nome da “governabilidade”: uns fingem que controlam, outros fingem que obedecem, e todos se entendem quando há cadeiras e verbas na mesa. A CPMI, diante desse cenário, vira quase um detalhe — barulho de fundo enquanto o jogo real acontece nos gabinetes climatizados. Quebra pau mesmo e discussões sem fundamento só em grupos de redes sociais alimentado por mentira todo tipo de teoria da conspiração.

 

*Roberto Gutierrez é jornalista. Na comunicação desde outubro de 1976, passou por todas as mídias e há quase três décadas é editorialista e analista político.

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