O sentido de cuidar: Alcilio de Souza e a Unimed que se faz comunidade

A liderança do presidente da Unimed Centro Rondônia revela uma visão de saúde que ultrapassa muros, consultórios e balanços administrativos.

 

Por Roberto Gutierrez – Existem figuras que não disputam manchetes, mas estruturam a vida cotidiana com decisões que raramente chegam aos holofotes. O médico Alcílio de Souza, presidente da Unimed Centro Rondônia, faz parte desse grupo. Age com a parcimônia de quem entende que o verdadeiro poder não está no estômago das redes sociais, mas na capacidade de gerar impacto duradouro onde a comunidade realmente sente. Digo isso não porque seja um amigo desde quando chegou a Ji-Paraná em 1983, um ano depois de sua formação de médico em Pelotas, Rio Grande do Sul, ou porque três dos meus cinco filhos vieram ao mundo acolhidos por suas mãos, ainda no tempo do Pró-Saúde, da Vila João, mas por me orgulhar de ter um amigo cuja simplicidade e dinamismo fazem a diferença, ao ponto de Maio deste ano, ser condecorado pela Assembleia Legislativa dos Deputados com o título de Cidadão Honorífico de Rondônia.

Enquanto o país se acostuma com gestores performáticos, Alcílio opera no registro oposto: a eficácia discreta.

 

Uma Unimed que cuida do território — não apenas dos beneficiários

Sob seu comando, a cooperativa se aproxima de algo cada vez mais raro no setor da saúde: a percepção de que cuidar não começa no hospital. A ampliação de programas sociais, música, esporte, cultura, meio ambiente, desenha uma Unimed que atua na base, nos vínculos e nas fragilidades sociais.

A parceria com o Projeto Orquestra em Ação, por exemplo, não é apenas filantropia. É uma escolha política no melhor sentido: a de investir em crianças que, de outro modo, não teriam instrumentos nem palco.

O apoio à Escolinha de Futebol, às campanhas de proteção de crianças e adolescentes e ao programa de mudas para reflorestamento reforça esse eixo: saúde é ambiente, saúde é pertencimento.

A cooperativa cria, assim, uma espécie de cinturão social que protege e estimula a comunidade da qual depende.

O presidente que valoriza raízes num tempo de decisões líquidas

Enquanto muitos dirigentes se movem com a ansiedade de quem precisa deixar seu nome gravado numa placa de inauguração, Alcilio fez o caminho inverso: resgatou a história da cooperativa.

Ao homenagear os fundadores nos 30 anos da Unimed Centro Rondônia, estabeleceu um recado raro no Brasil institucional: ninguém começa nada sozinho.

Essa postura dá estabilidade a uma região marcada por rupturas administrativas e por uma permanente reinvenção das lideranças. Valorizar raízes é, de certo modo, reafirmar confiança num tempo volátil.

 

Alcilio e a liderança pedagógica

É evidente que ele não lidera pela imposição. Sua gestão tem um componente pedagógico: conversa, alinha, explica, repete. Fala de cooperativismo não como slogan, mas como método de trabalho.

Ele devolve à saúde o que a saúde tem de mais valioso — humanidade.

E isso se reflete na cultura interna da Unimed — uma cultura de responsabilidade compartilhada, onde médicos e colaboradores são convidados a entender não apenas o “o que fazemos”, mas o porquê fazemos.

Essa pedagogia da gestão talvez seja o maior legado invisível de sua atuação.

A Unimed que disputa sentido, não mercado

O setor de saúde suplementar no Brasil é um ambiente de competição feroz. Mas a Unimed Centro Rondônia, nos últimos anos, parece ter preferido disputar outro território: o do significado.

Ao investir em programas que atendem idosos, crianças, atletas, alunos de música e projetos ambientais, a cooperativa conquista algo que números não medem: legitimidade.

Não é apenas uma “operadora”. É uma instituição que se inscreve na vida da cidade. E isso tem a marca clara do presidente.

O médico e o gestor que se tornam um só

No fundo, Alcilio de Souza representa a fusão de duas naturezas que o Brasil sempre tratou como separadas: o médico e o gestor.

Ele administra com a lógica do cuidado, e cuida com a lógica da gestão.

Esse equilíbrio raro explica por que sua liderança ganhou reconhecimento silencioso — aquele que não pede luzes, mas permanece.

Num Estado onde tantas instituições se desviam pela vaidade, sua forma de conduzir a Unimed é, por si só, uma crítica ao barulho e um elogio à consistência.

O tempo dirá qual será seu legado final. Mas, até aqui, o que se vê é um presidente que produz impacto, valor e pertencimento sem precisar transformar tudo em espetáculo.

Se Rondônia carece de exemplos de liderança centrada no coletivo, a figura de Alcilio se torna ainda mais significativa. Porque ele não apenas administra uma cooperativa: ele simboliza um modo de existir dentro dela. E, convenhamos: num Brasil cada vez mais ruidoso, a responsabilidade silenciosa já é, por si só, uma revolução.

Alcilio José de Souza Filho

Médico ginecologista e obstetra com formação pela Universidade Federal de Pelotas, concluída em 1982. Possui vasta experiência na área médica, incluindo um MBA em Administração Hospitalar, Gestão Empresarial e Gestão de Cooperativas. Sua trajetória profissional é marcada por seu papel como gestor e conselheiro em importantes instituições de saúde e crédito cooperativo. Sócio fundador da Cooperativa de Crédito Unicred em Ji-Paraná e também da Cooperativa de Trabalho Médico Unimed Centro Rondônia, anteriormente conhecida como Unimed Ji-Paraná, na qual, atualmente, exerce o cargo de Presidente.

Chegou a Ji-Paraná em 1983, é casado com a advogada Márcia Barbisan de Souza, o casal tem três filhos: André, Marcelo e Ana – todos são médicos. Até agora são cinco netos: Daniel, Mateus, Maria Antônia, João Marcelo e João Guilherme.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*