Aniversário de Rondônia, por Júlio Olivar

Bandeira de Rondônia hasteada pela primeira vez pelo ministro Mário David Andreazza. Foto Rosinaldo Machado
Bandeira de Rondônia hasteada pela primeira vez pelo ministro Mário David Andreazza. Foto Rosinaldo Machado

Apesar de, oficialmente, o aniversário de Rondônia ser dia 4 de janeiro, estamos comemorando hoje – para emendar o feriado de Réveillon.

De qualquer forma, interessa deixar aqui nossa manifestação de amor e gratidão ao estado que nos acolhe.

Rondônia foi -e continua sendo-, para muitos, uma verdadeira Canaã. Pois oportunizou novas perspectivas de vida de legiões de brasileiros e cidadãos do mundo.

Rondônia sempre recebeu a todos de braços e coração abertos. Gente de dezenas de pátrias e de todos os recantos do Brasil aqui aportaram com seus sonhos de uma vida melhor. E o estado correspondeu.

É uma nova civilização que se firma na Amazônia, com particularidades ambientais, culturais, sociológicas e antropológicas que permitem falar em uma riqueza continuada apresentando indicadores socioeconômicos acima da média nacional graças, exatamente, ao caráter empreendedor do nosso povo.

Acima de tudo está a nossa biodiversidade riquíssima, somos o portal da Amazônia Ocidental, o princípio do pantanal e temos o serrado e tudo o que possa haver em cada um desses biomas. Na cultura, somos a soma de todas as expressões porque o rondoniense caracteriza-se exatamente pelo seu caráter cosmopolita forjado nas tantas vivências trazidas pelos emigrantes e imigrantes. Porto Velho já teve, de princípio, como língua “oficial”, o inglês no primeiro jornal e na cultura dominante nos tempos da construção da ferrovia EFMM. A atual capital um dia chegou até a ser dividida em duas: a cidade-empresa (domínio estadunidense e inglês, por onde passaram trabalhadores de umas 50 pátrias) e a Porto Velho dos brasileiros.

Nos ciclos da borracha, levas de nordestinos modificaram os costumes da região com suas falas e culturas até hoje enraizadas em nossa essência. Os arigós ou soldados da borracha foram e são os heróis da resistência.

Nesse caráter plural, não se pode anular a força das nossas tradições ameríndias que ainda sobrevivem na língua, nos costumes, e nos influenciam mais do que percebemos.

*

O estado só foi instalado há 35 anos, mas, para chegar ao ponto de ser uma nova estrela na Bandeira Nacional, passou por muitas odisseias em que se despontaram verdadeiros heróis. O maior deles foi o sertanista e indigenista Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Foi por sua força e tenacidade que a região foi integrada de fato ao Brasil e nosso mapa de Rondônia feito à foice e muita inteligência estratégica.

Embora contestado por tantos por suas posições políticas, fato é que o coronel Aluízio Ferreira também foi essencial à formação de Rondônia. Discípulo de Rondon, nacionalizou a EFMM, foi diretor dos telégrafos, combateu o cangaço em Rondônia e -o mais importante- foi o proponente da criação do Guaporé, tendo recebido o presidente Getúlio Vargas em Porto Velho, que criou o novo território federal constituído por terras do Amazonas (onde estava Porto Velho) e Mato Grosso (onde estavam os antigos municípios de Santo Antônio do Rio Madeira –o maior do planeta em área– e Guajará).

Na política, o precursor –esquecido– foi o médico Joaquim Augusto Tanajura, membro da Comissão Rondon (aliás, o velho militar creditava sua própria vida à devoção de Tanajura), que afixando-se às margens do Madeira foi o fundador da primeira escola, da maçonaria, do primeiro clube de futebol, do primeiro jornal em língua portuguesa, primeiro prefeito de Porto Velho e de Santo Antônio, primeiro deputado estadual… defensor dos índios, da educação, da saúde pública… Esquecido sem ter porquê.

A BR-029 (hoje 364) seguiu as linhas telegráficas da Comissão Rondon e nos trouxe mais heróis, tendo como timoneiro o presidente Juscelino Kubitscheck –e não se pode esquecer da figura do governador Paulo Leal (vide o livro “O outro braço da cruz”).

Por fim, destaco os governadores Humberto Guedes e Jorge Teixeira. Dois coronéis do Exército. Um preparou e outro consolidou a transição de Rondônia de território para estado da federação. O dia festivo que marcou o novo tempo foi 4 de janeiro de 1982. Mas, muito antes disso, houve muitas lutas que jamais podem ser esquecidas.

E o momento atual é de regozijo. A economia de Rondônia vai de vento em popa, ao contrário de alguns estados antigos e tradicionais (falidos, infelizmente). Nossa cultura foi dignificada com o maior teatro do Norte do Brasil. Nossa memória preservada no Memorial Rondon. Nunca houve tanto investimento em infraestrutura, em educação, em saúde. A “cara” de Porto Velho mudou com o novo Espaço Alternativo, a ponte do Rio Madeira, o porto modificado e hoje dos mais movimentados do Brasil, o Palácio Rio Madeira e, por último, a internacionalização de fato do aeroporto. No interior, falta quase nada para integrar todos os municípios com asfalto, o estado “bomba” exportando carne para quase 50 países e tornando-se o maior produtor de peixes de água-doce do país (mais de 80 mil toneladas/ano).

Confúcio Moura sempre figura entre os mais populares e influentes governadores do Brasil, colocando Rondônia num patamar nunca antes visto, atraindo investimentos e prevalecendo-se do soft-power.

Grosso modo, esses foram/são os pilares de Rondônia. O estado que tem o “céu sempre azul” como entoa nosso hino, o mais bonito dentre os de todos os estados pela sua melodia e poesia.

Parabéns, RONDÔNIA!

Júlio Olivar

Foto: Rosinaldo Machado – Fotógrafo do governador Teixeirão

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