O julgamento de um homem por tentativa de homicídio, na quarta-feira (9/10), terminou com uma situação inusitada: o promotor pedindo que constasse em ata que o defensor público do réu admitiu ser “maconheiro”.
A discussão entre o promotor César Bocuhy Bonilha e o defensor público Rafael Gomes Bedin ocorreu na 1ª Vara do Júri do Fórum Central Criminal de São Paulo.
Tudo começou quando Bonilha se dirigiu ao irmão do réu, que era uma das testemunhas, e questionou se ele usava drogas. A resposta foi negativa. Na sequência, Bedin insinuou aos jurados que o promotor julgava as pessoas pela aparência, uma vez que fez a pergunta sobre o uso de drogas somente para uma testemunha.
Segue a discussão:
Promotor: Por mim não tem problema nenhum perguntar. Quer que eu pergunte para o senhor? O senhor fuma maconha?
Defensor público: Sim, tenho tatuagem também.
Promotor: Tem tatuagem de PCC? Tem de palhaço? (tatuagens de palhaço são associadas a roubo e mortes de policiais)
Defensor público: Não, mas se eu quisesse fazer, eu faria.
Em mensagem enviada à redação, o promotor nega a existência da segunda parte do diálogo. “Não houve referências a eventuais tatuagens do defensor público”, afirma.
O promotor solicitou que constasse em ata que o defensor confessou, em público, que é “maconheiro”. Já o defensor pediu que constasse no documento que as afirmações foram feitas em tom irônico, para fins de retórica, “no exercício da plena defesa”.
O réu, Renato Fagner Oliveira da Silva, foi condenado pelo tribunal do júri a 8 anos e 2 meses de prisão e não vai poder recorrer em liberdade. O caso tramita com o número 0000987-47.2018.8.26.0635 em segredo de Justiça.
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