Morre Armando Reigota, o homem que dignificou o Direito

Morreu às 22 horas nesta véspera de Natal, faltando poucas horas para completar 78 anos de idade, uma das maiores personalidades do Direito em Rondônia – o advogado Armando Reigota Ferreira. Ele foi vítima de falência múltipla dos órgãos após uma luta contra as complicações de um AVC ocorrido em agosto deste ano. O velório dele está acontecendo nesta manhã de Natal no saguão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Ji-Paraná. O enterro será no fim desta tarde. Reigota deixa esposa, doutora Alice Barbosa Reigota, os filhos Ana Paula, Alicinha e Armando, além de seis netos.

Trajetória

Nascido em 25 de dezembro de 1937, na cidade de Álvares Machado, ao lado de Presidente Prudente, São Paulo, Armando Reigota teve uma infância feliz e, desde aquela época se destacava entre os colegas pelo grau de inteligência, tanto que, antes de servir ao exército, passou no vestibular da PUC de São Paulo na qual se formou em direito ao lado dos colegas de turma Almir Pazzianoto, que foi ministro do Trabalho; Orestes Quércia uma das maiores personalidades políticas deste País e dividiu internato com Paulo Salim Maluf que se formara em engenharia Civil.

A influência exemplar de Reigota e doutora Alice foi tanta, que os três filhos seguiram carreira igual formando-se em Direito.  Armando Reigota Ferreira Filho, hoje procurador do município de Ji-Paraná, Alice Reigota, que coordena o escritório de advocacia da família e Ana Paula, promotora de Justiça em Araguaína – Tocantins.

Ente casos famosos que advogou, está a caso dos matadores do ambientalista Chico Mendes – Darci e Darli Alves, que atraiu interesse da mídia mundial.

Armando Reigota foi professor de Direito na Ulbra durante alguns anos. Antes de agosto deste ano ainda advogava em seu escritório ao qual reunia os advogados da família.

Em agosto último, Reigota teve um AVC isquêmico, foi para na UTI do HCR em Ji-Paraná. Uma semana depois, passado o susto, estava em casa, mas com um dos lados paralisados, foi quando recebeu a visita do amigo desembargador Péricles Moreira Chagas. No dia primeiro de novembro Reigota teve infecção urinária e voltou para o hospital. Foi medicado, teve alta e voltou pra casa, desta vez, muito otimista com a recuperação. No fim do mesmo mês, teve que voltar para o hospital. Uma infecção grave acabou não dando alternativa aos médicos que não fosse a de extrair a vesícula dele. O pós operatório foi normal, mas, debilitado, resistiu o quanto pode. No entanto, a pneu munia, seguido da insuficiência renal que acarretou a uma hemodiálise e, por último, os intestinos que deixaram de funcionar, agravou o quadro levando à falência múltipla dos órgãos.

O homem de fala mansa, que chegou a Ji-Paraná em 1981, parecia transpirar experiência jurídica – uma espécie de Senhor do Direito, era respeitado demais no meio. De manias, simples, tinha uma paixão: dirigir um fusca, coisa que o fazia sempre aos fins de semana e, acreditem, a mulher dele, doutora Alice sempre ia de copiloto a qual se via um sorriso de satisfação – parecia trazer lembranças de uma juventude dos anos 50. – muito antes da brilhantina e do iêiêiê.

Um dos fundadores da Boca-Maldita – lugar no qual se reúnem há mais de 20 anos profissionais liberais, empresários e formadores de opinião na Banca do Jeová da Praça Dom Bosco, para filosofar e jogar conversa fora, difícil era o domingo que o doutor Reigota não frequentava, sendo sempre a voz da conciliação das ideias.

 

Depoimento de um amigo

Não é fácil para mim (Roberto Gutierrez) ter que escrever essa matéria, pois, Armando era um amigo especial demais. Posso dizer que meu anjo-da-guarda do direito. Ele quem me salvou de dezenas de processos de gente poderosa e influente por conta de colunas de humor que escrevi nas últimas décadas. A primeira vez que o procurei, ainda na década de 80, para me defender. Ele disse que já havia lido o material. Ele se revelara um assíduo leitor e disse que queria me conhecer pessoalmente. Para minha surpresa, não me cobrou nada. Eu perguntei sobre o porquê disso. Armando, com sorriso da experiência, como se transpirasse sabedoria, disse: “Gutierrez, o que você faz é história e deves ganhar muito aquém pela ousadia e talento. Digamos que eu queira entrar nesta aventura contigo porque me sinto realizado em fazer parte desta história”.
Que Deus, na sua infinita bondade, receba-o neste misterioso caminho da fé cristã.

6 Comentários

  1. Conheci o Dr. Armando Reigota em uma visita acompanhado do Dr. Jayme de Carvalho Junior no ano de 2012. Tenho fotos deste dia. Um mestre do Direito (Dr. Paulo Rogério – Advogado – Colider-MT)

  2. conheci armando nos anos 80 quando morei em ji parana desede de 1988 que nao vou a ji parana mais guardo na lembrança a figura deste grande homem

  3. Realmente fiquei surpresa qdo ví a notícia no face.Realmente é uma grande perda. Meus sentimentos a toda família. Que Deus os confortem.

  4. Grande homem. Grande advogado. Formado na Puc-Campinas, juntamente com meu avô, na 3a Turma. Deixa saudades.

  5. muita muita dor,muita saudades de um grande amigo,Deus conforte a familia,Deus te conforte amiga do meu coração Alicinha

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