Duda pode delatar Paulo Skaf

Nelson Antoine
Telhado de vidro. Candidato ao governo de SP em 2014, Skaf é presidente da Fiesp e participou de atos pelo impeachment de Dilma

Um dos mais fortes apoiadores do setor econômico ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, pode entrar no rol de pessoas investigadas por se beneficiarem com o esquema de propinas instalado na Petrobras. O marqueteiro Duda Mendonça informou ao Ministério Público Federal (MPF) que recebeu da Odebrecht, por meio de caixa 2, parte dos pagamentos de trabalhos realizados na campanha de Skaf (PMDB) ao governo de São Paulo em 2014.

A confissão faz parte de uma tentativa de delação premiada que Duda Mendonça vem negociando com procuradores há cerca de dois meses.

O marqueteiro decidiu buscar a Procuradoria Geral da República (PGR) depois de ser informado que seu nome e o episódio constarão na delação da Odebrecht na Lava Jato. A construtora teria repassado o dinheiro para a campanha política do então candidato peemedebista para quitar despesas de marketing, por meio do Setor de Operações Estruturadas, que, segundo as investigações, seria o departamento de propinas da empresa.

Segundo a “Folha de S.Paulo”, Duda Mendonça foi representado por advogados no MPF em duas ocasiões até o momento. Na primeira vez, os defensores manifestaram o interesse do marqueteiro em fazer um acordo e, na segunda, levaram um escopo do conteúdo com que Duda poderá colaborar com os investigadores da Lava Jato. A PGR, porém, ainda não se manifestou efetivamente sobre se aceitará a delação. Dependerá de quão relevantes serão as informações prestadas, na opinião dos procuradores, como em todas as propostas que chegam.

De acordo com a prestação de contas de Skaf em 2014 registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Votemim Escritório de Consultoria Ltda, de Duda Mendonça e outros sócios, recebeu sete pagamentos oficiais, totalizando o montante de R$ 4,1 milhões.

A conta dos serviços de marketing da campanha, porém, superou este valor, conforme apurou a “Folha”. O restante teria sido desembolsado para Duda por meio de caixa 2. O jornal apurou ainda que o então candidato foi informado à época que o PMDB nacional ficaria responsável pelas negociações dos pagamentos pendentes, o que foi acertado com a Odebrecht.

Na eleição, Skaf ficou em segundo lugar, perdendo já no primeiro turno para Geraldo Alckmin (PSDB).

Outro lado. Skaf disse ter “total desconhecimento” do assunto e afirmou considerar “um absurdo” as informações de que despesas de sua campanha foram pagas com recursos de caixa 2. Procurado pela reportagem, o marqueteiro Duda Mendonça não respondeu.

Empreiteira

Silêncio. Procurada pela reportagem, a Odebrecht informou que não iria se pronunciar sobre a suposta propina via caixa 2 de campanha paga ao marqueteiro Duda Mendonça.

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